sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Só Deus

A imprensa, o PSDB e o PFL começaram a atribuir a Lula a culpa pelo acidente com o avião da TAM minutos depois do desastre e, apesar das últimas revelações sobre falha do avião ou do piloto, continuam acusando.

Tais acusações, no entanto, foram mudando conforme o desastre foi sendo melhor compreendido.

Inicialmente, disseram que o avião derrapou na pista de pouso de Congonhas, bateu e explodiu porque a pista não tinha grooving, e que a ausência dessa obra na pista era culpa de Lula, que, portanto, havia matado 200 pessoas.

Durante dias, essa versão foi difundida largamente. A oposição, por meio de prepostos, organizou passeata que reverberou a teoria de que o desastre era culpa do presidente.

Quase duas semanas depois, a análise das caixas-pretas do Airbus A-320 revelou que o avião não derrapou. Se não derrapou, o acidente não foi causado pela pista. Se não foi causado pela pista, qual seria a culpa de Lula?

A versão foi adaptada. A pista, agora, seria um dos fatores que contribuiu para o acidente, e não a causa única. Porém, essa teoria não vingou, porque a perícia das caixas-pretas revelou que não houve derrapagem.

Agora, a melhor teoria para os que querem jogar a culpa pelo desastre em Lula é a de falha no avião. Podem dizer que o presidente da República não fiscalizou sua manutenção.

Há centenas de aviões de empresas aéreas brasileiras. Centenas. Mas tentam vender a tese de que Lula tem que fiscalizar qualquer defeito que surja em cada um deles e fazer com que seja reparado de imediato.

Mesmo que tenha havido defeito no avião, ele surgiu pouco tempo antes do acidente, como mostra o relatório de manutenção da TAM. Mas Lula tinha que saber do defeito assim que surgiu.

Lula, para os que estão politizando a tragédia, teria obrigação de saber de cada defeito que vier a surgir em cada aeronave do país logo que esse defeito surgir.

Logo, logo, vão culpar o presidente por cada ônibus que tiver defeito e se acidentar. São milhares de ônibus? Há que montar uma estrutura que verifique cada um deles cada vez que saírem das garagens.

O mesmo vale para aviões, trens, barcos etc. Cada um dos milhões de veículos de transporte de passageiros tem que ser fiscalizado por Lula diariamente.

Quantas pessoas neste país têm o cérebro deficiente o bastante para aceitar uma teoria dessas? Será que a maioria é doente da cabeça a esse ponto?

Também vale perguntar quantos têm capacidade de enxergar que estão tentando faturar politicamente o acidente com o avião da TAM. Será possível que a maioria dos brasileiros é tão cega?

Eu confio neste povo. O Brasil não é São Paulo. Para quem é paulista mas tem cérebro, a situação é dramática. Ouvir que a culpa do desastre é do Lula e pronto, é doloroso. Sinto vergonha de ser paulista.

Sou cristão. Tenho fé em Deus. Não me ligo a igrejas porque não quero intermediários para tratar com o TODO-PODEROSO, mas acredito Nele. Estou certo de que não Permitirá que esses chacais vençam.

Escrito por Eduardo Guimarães ( edu.guim.blog.uol.com.br/ )

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Resgatar o coração

A técnica é importante para resolver o problema do aquecimento global, mas não é tudo e nem o principal. Parafraseando Galileo Galilei, podemos dizer: "a ciência nos ensina como funciona o céu, mas não nos ensina como se vai ao céu".

Leonardo Boff

Seguramente a crise ecológica global exige soluções técnicas, pois podem impedir que o aquecimento global ultrapasse 2 graus Celsius, o que seria desastroso para toda a biosfera. Mas a técnica não é tudo e nem o principal. Parafraseando Galileo Galilei, podemos dizer: "a ciência nos ensina como funciona o céu, mas não nos ensina como se vai ao céu". Da mesma forma, a ciência nos indica como funcionam as coisas, mas por si mesma não tem condições de nos dizer se elas são boas ou ruins. Para isso, temos que recorrer a critérios éticos, aos quais a própria prática científica está submetida. Até que ponto, apenas soluções técnicas equilibram Gaia a ponto de ela continuar a nos querer sobre ela e ainda garantir os suprimentos vitais para os demais seres vivos? Será que ela vai identificar e assimilar as intervenções que faremos nela ou as rejeitará?

As intervenções técnicas têm que se adequar a um novo paradigma de produção menos agressivo, de distribuição mais equitativa, de um consumo responsável e de uma absorção dos rejeitos que não danifique os ecossistemas. Para isso precisamos resgatar uma dimensão, profundamente descurada pela modernidade. Esta se construiu sobre a razão analítica e instrumental, a tecnociência, que buscava, como método, o distanciamento mais severo possível entre o sujeito e o objeto. Tudo que vinha do sujeito como emoções, afetos, sensibilidade, numa palavra, o pathos, obscurecia o olhar analítico sobre o objeto. Tais dimensões deveriam ser postas sob suspeição, serem controladas e até recalcadas.

Ocorre que a própria ciência superou esta posição reducionista seja pela mecânica quântica de Bohr/Heisenberg seja pela biologia à la Maturana/Varela, seja por fim pela tradição psicanalítica, reforçada pela filosofia da existência (Heidegger, Sartre e outros). Estas correntes evidenciaram o envolvimento inevitável do sujeito com o objeto. Objetividade total é uma ilusão. No conhecimento há sempre interesses do sujeito. Mais ainda, nos convenceram de que a estrutura de base do ser humano não é a razão, mas o afeto e a sensibilidade.

Daniel Goleman trouxe a prova empírica com seu texto a Inteligência emocional que a emoção precede à razão. Isso se torna mais compreensível se pensarmos que nós humanos não somos simplesmente animais racionais, mas mamíferos racionais. Quando há 125 milhões de anos surgiram os mamíferos, irrompeu o cérebro límbico, responsável pelo afeto, pelo cuidado e pela amorização. A mãe concebe e carrega dentro de si a cria e depois de nascida a cerca de cuidados e de afagos. Somente nos últimos 3-4 milhões de anos surgiu o neocortex e com ele a razão abstrata, o conceito e a linguagem racional.

O grande desafio atual é conferir centralidade ao que é mais ancestral em nós, o afeto e a sensibilidade. Numa palavra, importa resgatar o coração. Nele está o nosso centro, nossa capacidade de sentir em profundidade, a sede dos afetos e o nicho dos valores. Com isso não desbancamos a razão, mas a incorporamos como imprescindível para o discernimento e a priorização dos afetos, sem substitui-los. Hoje se não aprendermos a sentir a Terra como Gaia, não a amarmos como amamos nossa mãe e não cuidarmos dela como cuidamos de nossos filhos e filhas, dificilmente a salvaremos.

Sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente. Mas uma ciência com consciência e com sentido ético pode encontrar saídas libertadoras para nossa crise.

sábado, 28 de julho de 2007

A Marcha

Estamos às vésperas do retorno da Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade. Agora passa a se chamar Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros. Trata-se de uma fórmula mais elaborada, mais complexa, mas os objetivos são os mesmos.

O movimento foi lançado pela OAB de São Paulo, e conta com o respaldo de figuras importantes da Fiesp e da Associação Comercial paulista, e com a divulgação de televisões e rádios, por ora não melhor especificadas.

A idéia inicial faísca no escritório de João Dória Jr., o Iconoclasta Mor, aquele que destruiu a pauladas o monumento dedicado a Cláudio Abramo, o grande jornalista, em uma pracinha do Jardim Europa. Ali desceu o Espírito Santo, e iluminou os primeiros carbonários da grana, unidos em torno do slogan: Cansei.

Uma campanha publicitária, oferecida de graça por Nizan Guanaes, gênio da propaganda nativa de inolvidável extração tucana, mais badalado entre nós do que George Clooney no resto do mundo, insistirá em peças destinadas a expor o pensamento dos graúdos envolvidos: “cansei do caos aéreo”, “cansei de bala perdida”, “cansei de pagar tantos impostos”.

É do conhecimento até do mundo mineral a quem esses valentes senhores atribuem a culpa por os males que denunciam: nem é ao governo como um todo, e sim ao Lula, invasor bárbaro de uma área reservada aos doutores. Mas o presidente da OAB paulista, certo D’Urso, diz que o movimento não tem conotação política.

Enquanto isso, às sorrelfas, o pessoal pede instruções aos mestres. Alguns ligam para Fernando Henrique Cardoso, outros para José Serra. São os derradeiros retoques da tucanização da elite brasileira, a mesma que sentou-se em cima de um tesouro chamado Brasil e só cuidou de predá-lo, com os resultados conhecidos.

Incompetência generalizada, recorde mundial em má distribuição de renda, baixo crescimento, educação e saúde descuradas até o limite do crime, miséria da maioria etc. etc. Acorda Lula, chama o teu povo. blogdomino.blig.ig.com.br/

Nota:

A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base (reforma agrária, educacional, fiscal, administrativa, bancária e urbana -, sem as quais, julgava, o Brasil não poderia romper a barreira do atraso e da miséria). O movimento congregou segmentos da classe média conservadora defendendo os interesses dos latifundiários, banqueiros e industriais favoráveis à deposição do presidente da República e ao golpe militar.

A elite está cansada!

Jussara Seixas

A elite sofreu um duro golpe no governo Lula. Eu explico. Antes eram privilégios da elite, das classes AB, o carro próprio, a viagem de avião, a universidade particular, o restaurante, as viagens nos fins semanas e feriados, os quartos de hotéis, os shoppings.
Agora, após 4,5 anos de governo Lula, tudo isso deixou de ser privilégio.
A geração de empregos, a estabilidade econômica, o controle da inflação, o aumento da renda e a facilitação do crédito permitem que os brasileiros das classes CDE também usufruam dessas benesses.
A elite foi obrigada a dividir seu bembom com outras classes, e isso está incomodando muito, porque essa gentinha AB é altamente preconceituosa. Os shoppings e supermercados sempre cheios, os aeroportos e rodoviárias lotados de passageiros, o trânsito cada dia pior com tantos carros nas ruas: a elite está inconformada, cansou.
Um fulano que se diz representante da elite, chamado João Dória Jr., que no ano passado promoveu almoços para arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à presidência, diz que está cansado. Tão cansado que vai lançar uma campanha, "cansei", juntamente com a OAB, Fiesp e outras tralhas do gênero.
Conhecido por reunir convidados famosos em festas e eventos, o dondoca João faz questão de manter seu visual tão impecável quanto suas duas mansões, uma nos Jardins e outra em Campos do Jordão. Só usa camisas feitas sob medida (com colarinho italiano e monograma) e ternos Ermenegildo Zegna. Generoso, o dondoca João não economiza gorjetas quando um serviço lhe agrada. No Rancho Doria, sua mansão em Campos do Jordão, ao voltar de um passeio a pé, os hóspedes têm seus tênis limpos por um empregado antes de entrar na sala: o dondoca João é muito chic. Além de ser um empresário muito bem sucedido, o dondoca João já foi secretário do turismo da prefeitura no primeiro governo Covas (83-86) e presidente da Embratur no governo Sarney (86-88). Teria sido ministro do Alckmin.
O dondoca João está cansado de ficar longe do poder, odeia o presidente Lula, cansou desse governo que faz de tudo para melhorar a vida dos menos favorecidos e dos pobres. (brasilmostraatuacara.blogspot.com/)

Falha humana

Ainda que o acidente com o vôo 3054 da TAM só tenha ocorrido devido a uma série de fatores, uma falha humana está na origem da tragédia, como informa reportagem desta semana da revista Veja. De acordo com a revista, o comandante Kleyber Lima, que pilotava a aeronave no momento do acidente, havia deixado o manete (equipamento que controla a aceleração da turbinas) em posição incorreta na hora do pouso.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Carta aberta a Lula

Publico, abaixo, carta que tenho a pretensão de que chegue ao presidente da República. Sei que entre as centenas e centenas de leitores deste blog há muitos petistas de carteirinha. Espero que algum - ou vários - deles faça chegar este texto ao presidente.

*
Caro Lula,

não usarei mesuras para me dirigir a você porque não escrevo ao presidente da República e sim ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Sim, você está presidente, Lula, mas não nasceu presidente e não morrerá presidente, de maneira que decidi escrever àquele que em três anos e meio deixará o mais alto cargo público do país, caso não consigam abreviar seu mandato.

Não sei se você já leu alguma crônica política escrita por mim. Provavelmente leu. Escrevo há muitos anos em jornais, revistas e na internet. Mas se nunca me leu, quero relatar que venho apoiando seus projetos políticos desde 1989, apesar de nunca ter me partidarizado, de nunca ter me aproximado fisicamente de políticos de qualquer tendência.

Já comprei muita discussão acalorada para defender seus projetos políticos, Lula. Seus apoiadores na classe média, aliás, têm lutado com unhas e dentes desde a primeira vez que postulaste a Presidência da República. Debater, combater, discutir, enfrentar o verdadeiro bloqueio midiático a quem o apóia, nunca foi novidade para um eleitor de Lula, sobretudo sendo da classe média. E é por isso que lhe escrevo.

Você tem muito tempo à frente do executivo federal, Lula. Três anos e meio são uma eternidade. Entretanto, é um período de tempo muito grande para permanecer na defensiva. Você está fazendo o jogo de seus adversários. Veja o quanto o país deixou de realizar nos últimos meses. Quantas votações no Congresso, quantas medidas postergadas por conta da crise política que seus inimigos não deixam amainar. Você já perdeu sete meses.

Não adianta, Lula, você não será aceito pela elite do Leblon ou dos Jardins, e seus adversários querem que o país se lixe. Não haverá contemporização.

O problema não é só eleitoral. Tudo bem que a gritaria parta dos estratos superiores da pirâmide social e que, na hora do voto, esses setores ficarão reduzidos à sua real estatura num eleitorado de mais de cem milhões de pessoas. Contudo, a questão não é só eleitoral. Seu governo vem produzindo menos do que o necessário porque seus adversários estão "gostando do jogo".

Por mais correta que seja sua estratégia de atrair a simpatia do eleitorado no papel de vítima de uma elite cruel, preconceituosa, racista a mais não poder, a militância lulista - a organizada e a individual - precisa de ânimo, que só será produzido se você se dispuser a enfrentar a mídia.

Minha idéia é a de aumentar o volume da denúncia de que a grande mídia tornou-se braço do PSDB, do PFL, em resumo, de José Serra. Por mais que a mídia negue isso, quando essa crítica estiver sendo feita em bom volume e apontar cada ato de partidarismo de uma Globo, de uma Veja ou de uma Folha, as pessoas os notarão. Bastará dizer "veja como a mídia não noticia o buraco do Alckmin em São Paulo", que milhões de pessoas, em São Paulo e no resto do país, vão se dar conta de como aquele crime tucano vem sendo abafado. Dia desses, perguntei a um conhecido anti-Lula e tucano até a alma sobre o buraco do metrô e o sujeito perdeu o rebolado. Não sabia dizer por que o assunto desapareceu da mídia.

Você tem tantas armas à disposição, Lula, que não usá-las pode até ser muito bom como estratégia, mas está desanimando a militância. Essa militância está cansada de ser esbofeteada pela mídia e não ter como reagir, pois a mídia que esbofeteia é a mesma que censura.

Além disso, com o assunto partidarismo da grande mídia na ordem do dia, esta terá que ser mais comedida para não passar recibo. O resultado será imediato: terá que noticiar algum escândalo tucano, ainda que dos menorzinhos, para não corroborar as acusações de partidarismo. Esse contra-ataque também terá o condão de lhe dar um pouco mais de folga para governar, Lula.

Se você permanecer nessa estratégia, a mídia e a oposição farão o país perder quase quatro anos. Todos serão prejudicados. Menos, é claro, a elite dasluniana dos Jardins e do Leblon.

Reaja, Lula. Você tem muito apoio para isso. Não pense só em eleições. Pense naqueles que contam com seu governo, que o elegeram por maioria tão esmagadora em outubro do ano passado. Essa maioria silenciosa anseia por defender o voto que lhe deu, mas você precisa ajudar.
Eduardo Guimarães (edu.guim.blog.uol.com.br/)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ana Quirot: uma declaração de amor a Cuba


Por André Cintra
A entrevista que Ana Fidelia Quirot deu ao Momento Pan, da Sportv, na última segunda-feira (23), foi um desses raros instantes em que a cobertura dos 15º Jogos Pan-Americanos pela grande mídia fugiu ao lugar-comum. Em pouco mais de dois minutos, comentando sua trajetória ímpar de superação, a ex-atleta encerrou o programa com uma defesa emocionante de Cuba e do líder Fidel Castro.

Ana Quirot: ''Fui produto da medicina cubana''

Ana Quirot estava acompanha de outras lendas cubanas do esporte que já se aposentaram — Regla Torres (vôlei), Teófilo Stevenson (boxe) e Eric Lopez (ginástica artística). A soma de seus depoimentos compõe, por assim dizer, uma resposta aos três atletas que desertaram da delegação de Cuba. A respeito disso, o próprio Fidel declarou que “não existe nenhuma justificativa para solicitar asilo político”. E acrescentou: “De antemão conhece-se seu destino final como atletas mercenários numa sociedade de consumo”.

Para Ana Quirot, o destino final foi a glória — o que se tornou ainda mais claro após uma tragédia. Em 1993, quando seu desempenho no atletismo estava no auge, a cubana foi vítima de um acidente doméstico que lhe provocou queimaduras de segundo e terceiro graus em 80% do corpo. Para piorar, ela estava grávida de 30 semanas e, numa subseqüente cesariana de emergência, a criança morreu.

Embora sua carreira já fosse dada como encerrada, a atleta teve uma recuperação espetacular. Com a obstinação pessoal e um minucioso trabalho médico em Havana, voltou a competir no mesmo ano, enquanto dava seqüência ao tratamento. “Eu fui o produto da medicina cubana, que me fez ressurgir como a ave fênix”, frisou Ana Quirot na Sportv.

“Eu tenho de dizer: obrigada à medicina cubana. Obrigada a nosso comandante (Fidel), que desde as primeiras horas de meu acidente estava na cabeceira de minha cama para me dar alento para lutar por minha vida. Obrigada ao meu povo, que me deu a força e a energia para me levantar da cama, voltar às pistas e ocupar o lugar que eu tinha anteriormente. Obrigada também às muitas pessoas do mundo, amigos do esporte, preocupados com minha recuperação, que também me motivaram que continuasse no esporte”.

Na opinião da ex-atleta, o que houve com ela “somente acontece num país como Cuba, onde a medicina é gratuita, a saúde é gratuita, a educação é gratuita — onde não se faz esporte somente pelo alto rendimento, mas esporte por saúde”. A entrevistada do Momento Pan recordou que, em seu país, a prática esportiva é incentivada em todas faixas etárias, inclusive por “pessoas da terceira idade, que fazem esporte para prolongar sua vida”.

Uma carreira de vitórias

Ana Quirot orgulha-se de carregar no sobrenome (Fidelia) uma homenagem ao líder da Revolução de 1959. Nascida em 1963, ela começou a praticar basquete na infância, por influência de uma irmã que chegou a jogar, décadas depois, com a brasileira Hortência. Ainda na base, Ana trocou as quadras pelas pistas — e daí se tornou uma das maiores meio-fundistas do atletismo.

Como integrante da seleção nacional de alto rendimento a partir de 1983, precisou de pouco tempo para se destacar. Na Copa do Mundo de 1989, em Barcelona, foi primeira colocada em duas provas — 400 e 800 metros rasos. Nesta última, correu a final em apenas 1min54s44, o terceiro melhor tempo da história da modalidade. Chamada de “Tormenta do Caribe”, ganhando medalha atrás de medalha em Grand Prix, Mundial e Olimpíada, Ana Quirot só interrompeu sua trajetória por causa do acidente de 1993.

Uma vez recuperada, voltou a brilhar, especialmente nos 800 metros. Foi por essa prova que ganhou a medalha de ouro nos Mundiais de 1995 e 1997, além de ter sido prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Recebeu, ainda, o título de melhor esportista da América Latina e do Caribe por quatro vezes (1989, 1991, 1995 e 1997).

A lembrança do retorno às pistas até hoje a comove, conforme revelou na entrevista à Sportv. “É algo que ficará na história como exemplo de dignidade, de vontade, de tenacidade, não somente para os jovens cubanos — mas para todas as pessoas que possam ter um tido um momento difícil, um problema como o que eu tive”.

Ao talento, ao carisma e à clareza de idéias, Ana Quirot soma uma formação cultural muito acima da média dos esportistas. “Eu digo sempre, como diz o nosso José Marti (poeta cubano): as pessoas não se medem pelas vezes que caem, mas pelas vezes que se levantam”, resume ao fim da entrevista à Sportv.

Membro do Partido Comunista e convidada de honra da delegação cubana no Pan do Rio, Ana Quirot compete eventualmente em torneios masters (para atletas aposentados). O encerramento oficial da carreira se deu em 1999, com o nascimento da primeira filha. Seu nome: Fidelia.( www.vermelho.org.br/)

terça-feira, 24 de julho de 2007

A "delegação de Fidel"

O que dizer, ajude-me caro leitor, da apresentadora global que chama Fidel de ditador e se derrete todinha por Bush?
Contextualizando: Dois atletas de Cuba sumiram da "delegação de Fidel", informa a senhorita. Não consigo imaginar ela dizendo o mesmo para outras equipes: "Larissa e Juliana, da delegação de Lula, ganharam o ouro no vôlei de praia". Ou: "Fulano de tal, da delegação de Bush, foi mandado embora porque disse que estava no Congo".

Os atletas cubanos somem e a culpa é do "ditador Fidel". Ainda não se sabe se isso foi coisa de algum dos (vários) serviços secretos que andam soltos pelo Rio de Janeiro, mas para a repórter global a culpa é do "ditador Fidel". Enquanto isso, assassinatos, estupros, torturas e saques seguem fazendo parte da rotina de agressões dos EUA no Iraque. Mas, para a apresentadora global o legal mesmo é bater em Fidel. E depois ela não entende, fica com cara de bunda, quando alguém queima uma bandeira ou explode uma embaixada dos EUA mundo afora: "Tão estranho esse sentimento anti-americano...". E ainda por cima faltou às aulas de geografia.(www.fazendomedia.com/)

segunda-feira, 23 de julho de 2007


A pressa de linchar

Quem tem um mínimo de sagacidade pôde perceber, quando o ataque fulminante da mídia ao governo Lula foi desfechado já no primeiríssimo momento pós-desastre com o avião da TAM, que a idéia era a de inundar a opinião pública com manifestações de indignação anti-Lula e acusações sobre ser ele o responsável por "mais uma tragédia aérea". Sabendo que, passado o choque, laudos começariam a ser publicados e a discussão sairia do emocional e passaria ao racional, a mídia e a oposição tucano-pefelista precisavam causar ao presidente o maior dano político no menor espaço de tempo possível. Depois, quando os fatos fossem analisados e se descobrisse causas para mais este acidente que nada teriam que ver com o governo, essas causas seriam noticiadas com pouco destaque, o que deixaria na cabeça de muita gente a primeira informação, apesar de ser falsa.

Nas próximas semanas, causas nunca abordadas para o acidente do último dia 17 em São Paulo virão à tona e poderão - eu disse "poderão" - isentar de qualquer responsabilidade as autoridades responsáveis pelo controle do tráfego aéreo e pela estrutura aeroportuária deste país, bem como o governo Lula e seu titular. Se assim for, deveremos nos lembrar do que foi feito pela mídia com o desastre do avião da Gol em outubro do ano passado. Acusaram Lula peremptoriamente em centenas de manchetes, editoriais, artigos, cartas de leitores, telejornais etc. em pleno processo eleitoral. Meses e meses depois, Lula já eleito, todos os laudos técnicos apontavam que os responsáveis pela tragédia tinham sido os pilotos americanos, pois tinham desligado sistemas de segurança do jatinho que pilotavam que teriam impedido a colisão com o Boeing da Gol.

Agora vejam bem: há meses vinha predominando intensa propaganda pela mídia culpando o governo. Assim, seria necessário muito espaço para a verdade sobre o desastre para que fosse desfeito o mal que se pretendeu.

Mas, tanto no desastre passado quanto no que acaba de ocorrer, deve-se usar critério parecido para mensurar a efetividade da estratégia midiática. O critério é o do que ocorreu, em termos de prejuízo à imagem de Lula, por conta do noticiário falsamente acusatório contra ele, de que seria responsável pelos 154 mortos no desastre com o avião da Gol. Resultado: Lula ganhou a eleição disparado mesmo estando no auge a campanha difamatória. Ou seja: a maioria absoluta da sociedade brasileira não deu a menor pelota para a teoria de que Lula seria o responsável por desgraça como aquela. Assim, mesmo sendo impossível dar a notícia verdadeira sobre a causa do desastre com o avião da TAM a cada um dos que foram desinformados pela mídia, devido ao tratamento que ela dará ao fato real, que será bem inferior ao que dera à sua versão, jamais esse objetivo será alcançado. Todavia, a experiência anterior com ataque da mídia dessa natureza mostra que sua eficácia esteve entre péssima e sofrível.

De uma forma ou de outra, seria bom que cada um fosse organizando a própria técnica de apresentação dos fatos quando a verdade surgir, a fim de fazermos nossa parte e tentarmos informar os que foram desinformados, mesmo que não tenham acreditado na desinformação de que foram alvo. Pretendo contribuir para subsidiá-los com o que deve ser contraposto às mentiras que foram alardeadas, quando os fatos se esclarecerem.( Escrito por Eduardo Guimarães) edu.guim.blog.uol.com.br/