segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Terceiro mandato de Lula seria contraditório com seu projeto

Mino Carta escreve:

Alguns companheiros de navegação gostariam que me manifestasse a respeito de iniciativas tomadas por petistas variados a favor do terceiro mandato do presidente Lula. Digo, de saída, que o Lula da minha memória, remota e recentíssima, não cogita de mais um mandato. No meu entendimento atual, Lula pretende passar à história como grande mediador entre minoria e maioria, entre ricos e pobres, entre norte e sul, em benefício da consolidação da nossa incipiente democracia. Não entro no mérito deste que seria seu projeto, mas é assim que encaro a presente atuação do presidente. Como sabemos, a conciliação, no Brasil, sempre foi a das elites. A tradição não muda pelos caminhos da moderação, e sim por meio da pressão popular, que por ora falta. De todo modo, a busca do terceiro mandato seria contraditória demais em relação ao plano. E vou contar um episódio recente. Na festa de CartaCapital, segunda 29 passada, como de hábito me coube dar as boas-vindas aos convidados. Lula voara para Zurique e se fazia representar pelo presidente em exercício, Arlindo Chinaglia, secundado pelo ministro Franklin Martins. Ao alcance do microfone, da tribuna permito-me falar da revista, da pesquisa da InterScience destinada a premiar as empresas mais admiradas no Brasil, com leves toques sobre a situação política. Ao encerrar a fala, disse da minha convicção de que Lula fará seu sucessor em 2010, pedi aos deuses gregos que o iluminassem na hora de escolher seu candidato e, enfim, sem decliná-lo, afirmei ter um nome em mente. Quando voltei ao meu lugar, ao lado de Chinaglia, ele sussurrou: “Não seria o nome de uma senhora?” Anuí, embora sem pronunciá-lo: Dilma Roussef.
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