quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Gritos e sussurros

Postado por Luiz Weis no Observatório da Imprensa

No domingo, 28 de outubro, sob o título “Ex-interno diz que fazia sexo por dinheiro com padre” a Folha publicou:

“O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, 25, preso acusado de extorquir o padre Júlio Lancelotti, 58, afirmou à polícia que sustentou por oito anos relação homossexual com o religioso em troca de dinheiro.”

Hoje, sob o título “Detento recua e nega relação íntima com padre”, a Folha publica:

“O detento Marcos José de Lima, suspeito de ter extorquido o padre Júlio Lancelotti, 58, foi interrogado ontem pela Polícia Civil e negou ter mantido relação íntima com o religioso em troca de dinheiro, como disse à Justiça.”

Os nomes dos presos não são a única diferença entre os dois textos. A mais importante é que o primeiro saiu na metade superior da primeira página. O segundo, no canto inferior direito de uma página interna do jornal – com um título bem menor.

Nada de novo na mídia: as acusações saem aos gritos; os desmentidos, aos sussurros.

Os acusados – e os leitores – que se lixem.
http://www.projetobr.com.br/

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

CPMF: Quem quer tirar o leite das crianças

Paulo Henrique Amorim

. Guarde bem esses nomes:

--DEM--
Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA)
Ademir Santana (DEM-MA)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Efraim Moraes (DEM-PB)
Eliseu Rezende (DEM-MG)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Jonas Pinheiro (DEM-MT)
José Agripino (DEM-RN)
Kátia Abreu (DEM-TO)
Jaime Campos (DEM-MT)
Marco Maciel (DEM-PE)
Maria do Carmo Alves (DEM-PE)
Raimundo Colombo (DEM-SC)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)

- - PSDB - -
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Marisa Joaquina Monteiro Serrano (PSDB-MS)
Sérgio Guerra (PSDB-PE) - clique aqui para ler que o presidente do PSDB não sabe o que dizer de FHC
Mário Couto Filho (PSDB-PA)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
João Tenório (PSDB-AL)
Marconi Ferreira Perillo Júnior (PSDB-GO)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)

--PMDB--
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)

. Preste atenção ao rosto deles e delas – vá à galeria do Conversa Afiada (clique aqui).
. Esses senadores participaram da reunião de ontem, terça-feira, dia 27, em que a oposição decidiu ir “para cima”: votar logo a CPMF porque já tem os votos necessários para evitar a prorrogação.

. Esse grupo aí em cima é o “núcleo duro” da não-prorrogação, sob a liderança de Arthur Virgilio (PSDB) e Agripino Maia (DEM).

. Como demonstra a entrevista do Ministro Patrus Ananias, a CPMF, além de ser aplicada na área de saúde, fornece 87% dos recursos do Bolsa Família.

. (Clique aqui para ler que a CPMF entra com 87% (!!!) dos recursos do Bolsa Família)

. Vejam bem: 87% do Bolsa Família saem da CPMF.

. Além disso, há dinheiro da CPMF na agricultura familiar, em construção de cisternas na região da seca nordestina, e na compra de comida para crianças – o “leite das crianças”.

. Quer dizer, a CPMF vai direto ao centro do Brasil mais pobre.

. Esse Brasil que ainda precisa ter “índice de desenvolvimento humano” efetivamente alto.

. É o dinheiro da CPMF, associado, por exemplo, ao aumento real do salário mínimo e do aumento real dos salários – como demonstra o professor Ricardo Paes e Barros do IPEA (clique aqui para ir ao site do IPEA) - que permite reduzir a desigualdade de renda no Brasil.

. O que querem esses que querem tirar o “leite das crianças” ?

- O que querem esses senhores e senhoras dessa lista acima exposta ?

. Não os move nenhuma idéia nobre.

. Eles não têm alternativa a propor.

. Eles não sabem o que dizer, como provou o último Congresso do PSDB, que vai entrar para os anais da história política brasileira como o Congresso em que Fernando Henrique Cardoso deixou a máscara cair e se mostrou inteiro: preconceituoso e racista (clique aqui para ler).

. Eles querem tirar “o leite das crianças”, porque querem empobrecer os pobres e impedir que os pobres continuem a associar seu progresso às políticas sociais do Governo Lula.

. E que essas políticas e seu sucesso se transmitam ao candidato que o Presidente Lula escolher para sucedê-lo.
. É uma esperteza eleitoral, apenas.

. Vai além do imediatismo fiscal do movimento “Cansei” e da pregação do presidente da FIESP, que estão mesmo é interessados em acabar com esse maldito imposto que combate o Caixa Dois, o “bahani”, o “São Nicolau”, o “Sem Nota” do Law Kin Chong.

. Esses senhores e senhoras:

. Esses senhores e senhoras aí de cima não engolem que o Presidente Lula – como Cristina Fernández de Kirchner – tenha sido eleito, sobretudo, pelos pobres.

. Os conservadores não podem tolerar isso.

. Que o Brasil, como a Argentina, tenha, de novo, um “pai dos pobres”.

. Já que não é possível fazer com que ele dê um tiro no peito, é melhor impedir a prorrogação da CPMF.

. “Tirar o leite das crianças” não passa de manobra eleitoral revestida de ideologia liberal.

. O que não se entende é o que um homem público com o passado de Jarbas Vasconcellos, que todos os jornalistas da minha geração aprenderam a admirar e a respeitar, esteja a fazer nesta lista.
. Ao lado de Arthur Virgilio, Heráclito Fortes, Eduardo Azeredo ...
. O Conversa Afiada deve ter cometido um equivoco que pretende corrigir o mais rápido possível.
conversa-afiada.ig.com.br

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Brasil toma as rédeas da América Latina com petróleo, diz 'El País'


Reportagem publicada neste domingo pelo diário espanhol El País afirma que a descoberta de novas reservas de gás e petróleo no Brasil o fizeram “tomar as rédeas da América Latina”, permitindo ao país “reafirmar seu papel de potência regional e se afastar de (Hugo) Chávez e (Evo) Morales”. “Nem o petróleo da Venezuela nem o gás da Bolívia. Com dois anúncios quase simultâneos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Brasil como a principal potência energética da América Latina no médio prazo tanto na visão de seus vizinhos quanto nos investimentos internacionais”, afirma o jornal.

Segundo a reportagem, esses dois anúncios se referem à descoberta do novo campo de Tupi, na Bacia de Santos, e à retirada do Brasil de um projeto conjunto de gás na Venezuela. O jornal afirma que “o Brasil nunca escondeu que considera a América do Sul sua área de influência estratégica, e os acontecimentos ocorridos nos últimos dois anos em torno de projetos populistas em países da região, como Venezuela e Bolívia, haviam soado os alarmes no Executivo e na diplomacia brasileira”.

Dependência energética - O artigo argumenta que essa preocupação não vinha tanto pelo caráter político dos governos dos dois países, mas sim pela “dependência energética em que estava se afundando”. “Por isso não é de se estranhar que nesta semana Lula declarasse eufórico que ‘está comprovado que Deus é brasileiro’ ao comentar a descoberta das reservas de petróleo que não somente consagram a já conseguida, em 2006, auto-suficiência petrolífera do país, como o convertem em um exportador em potencial”, diz o jornal.

A reportagem conclui dizendo que a nova condição brasileira e a retirada da Petrobras de um projeto de extração de gás considerado importante para a construção do gasoduto da América do Sul, proposto por Chávez, podem levar a atritos nas relações entre os dois países. “O governo de Lula é amistoso em suas formas com seu homólogo venezuelano, mas a ninguém se escapa que ambos perseguem o objetivo de se converter em referência energética regional e estão em rumo de colisão, que cedo ou tarde ocorrerá”, afirma o jornal. “Lula e Chávez têm prevista uma reunião em dezembro, em uma cúpula trimestral ordinária, para tratar de energia. Lula chegará ao encontro em uma posição muito diferente e de muito mais força que no passado”, finaliza o texto.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A volúpia jaboriana

Arnaldo Jabor é um hábil manipulador das palavras. Para ser um bom escritor, no entanto, é preciso caráter. Seja um escritor de ficção, seja um escritor de política. Jabor inventou uma ideologia, o lulo-sindicalismo, termo que usa e abusa como um selo criminal colado em todo problema brasileiro. Tem um bueiro vazando na Visconde de Pirajá? A culpa é do "lulo-sindicalismo". Com isso, Jabor criminaliza Lula, eleito duas vezes com mais de 60 milhões de votos, e os sindicatos, que representam a única força política capaz de se contrapor aos interesses anti-trabalhistas. Antes de Lula, dizia-se que não se podia aumentar o salário mínimo sem causar uma grande onda de desemprego. Por conta desse mito, os governos anteriores, especialmente o de Fernando Henrique Cardoso, permitiu a corrosão da renda do salário mínimo sem que Arnaldo Jabor visse nisso algum problema. Fome, salários baixos, miséria?

Para Jabor, fatores como aumento do salário mínimo, aumento do emprego formal, melhora da distribuição de renda, não significam muita coisa. Existe um grande mal no ar, uma terrível depressão, um desalento. Estamos anestesiados, diz Jabor. Impotentes. Que importa se só agora a Polícia Federal trabalha de verdade? Que importa se Lula reformou profundamente a PF, contratando milhares de novos policiais, por concurso, injetando verba e entusiasmo na instituição, que por conta disso está conseguindo realmente fazer a diferença na guerra contra a corrupção? Não importa. Não importa. Não importa. A corrupção continua aí e estamos de mãos atadas. "O governo Lula tem o álibi de ser um governo do povo", explica Jabor. "O discurso oficial ideológico é um sarapatel de idéias". Que frase feia, meu Deus. Tudo bem, continuemos. Jabor diz que o tal discurso é "cepa herdada (resistente a antibióticos) de um autoritarismo leninista, que cruzou com os germes do sindicalismo oportunista", etc, etc. Peraí, onde tem autoritarismo no discurso do governo? E o novo sindicalismo brasileiro, se tem seus defeitos, como qualquer instituição tem, ele tem o mérito de ser um dos mais modernos no mundo, com financiamentos oriundos de fundos de pensão e impostos específicos.

Jabor, assim como FHC, é uma cassandra à procura de uma catástrofe para anunciar. O colunista do Globo "culpa" o bom estado da economia brasileira por nosso alienamento. Como as coisas estão indo bem, estamos nos deixando levar pelo lulismo, quando o certo é que nos organizássemos para combatê-lo. Que importa se as massas estão satisfeitas? Ora, as massas. As massas que se fodam! O que Jabor omite, no entanto, é que a economia brasileira não apenas vai bem, como reúne circunstâncias e fatores positivos que nunca reuniu antes: um crescimento continuado, com distribuição de renda, aumento da capacidade produtiva, ampliação da base energética, com aumento da renda do trabalhador e da oferta de emprego formal.

Gostaria de compreender, portanto, o que deprime tanto Jabor. Será que ele não lê o caderno de economia do próprio jornal onde escreve? A própria Miriam Leitão, sempre tão pessimista, escreveu uma coluna, no domingo passado (se não me engano), citando os reiterados elogios que o diretor do Fundo Monetário Internacional faz ao governo Lula. Não me importo com o que diz o FMI, mas a Miriam Leitão, o Globo e o Jabor deveriam se importar. Hoje o Brasil não deve mais nada ao FMI, portanto as sugestões do FMI podem voltar a ser apreciadas com serenidade, como críticas positivas ou negativas a serem ouvidas e avaliadas de acordo com sua pertinência.

Jabor fala hoje em "bolsa-cabresto", referindo-se obviamente à bolsa família, omitindo estudos de renomadas instituições nacionais e internacionais sobre a validade e eficácia da política assistencial do atual governo, que está sendo inclusive copiada para aplicação em outros países, mesmo aqueles governados por forças conservadoras.

No exterior, Lula é respeitado pelas forças conservadoras e pela esquerda. Aqui, parte de nossa imprensa insiste em sucumbir a este obscuro "malaise" metafísico, obsessivamente produzido e reproduzido por colunistas como Arnaldo Jabor, e que definitivamente não corresponde à realidade da maioria da população, pobres ou ricos. Talvez haja realmente algum grupo de ricaços enfarados, empoadas madames que enviam emails de amor ao ex-cineasta, o mesmo grupo que tentou se articular no Movimento Cansei, aquele cujo organizador, Jorge Doria, liderava passeatas de cãozinhos de luxo em Campos de Jordão. São os extremistas da desilusão. O Brasil pode estar com sua economia bombando, ter encontrado petróleo suficiente para mais um século, ser escolhido para Copa do Mundo 2014, comércio exterior recorde, etc, etc, mas eles estarão sempre lamentando a miséria brasileira. O Brasil descobriu o mega-campo Tupi e nenhum jornal fez caderno especial analisando as perspectivas políticas, econômicas, sociais, geopolíticas que se abrem para o Brasil.
oleododiabo.blogspot.com

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Brasil se converteu em potência


Foto ilustrativa da matéria do Jornal
La Nación


Reportagem diz que o Brasil "é o país da América Latina que mais recebeu investimentos estrangeiros no ano passado, suas reservas crescem, bate recordes em exportações, baixa o risco país, será a sede da Copa de 2014, e, se faltava algo, acaba de descobrir uma megarreserva de ouro negro".

E continua o La Nación:

O Brasil é a décima economia mundial.
Eles( Brasil) têm mais de 200 milhões de cabeças de gado, enquanto nós ainda estamos ancorados nos anos 60 milhões de anos 70.

Hoje, 40% do mercado de carne em todo o mundo é gerido por empresas brasileiras.

Foi o oitavo mercado bolsista mundial, em volume, o que nos últimos 5 anos cresceu 1600% no primeiro semestre de 2007 atingiu 10% das partes globalmente.
Suas exportações elevaram - se a 137000 milhões de dólares, mais do dobro do que há quatro anos.

Na década de 40, todo o PIB da América Latina combinados, incluindo a do Brasil, foi o mesmo que na Argentina, o Brasil hoje é quatro vezes maior do que a nossa.

Quando vamos ler notícia como essa na imprensa Brasileira? Enquanto esperamos por esse dia, você pode ler o texto completo do Jornal La Nación aqui

domingo, 18 de novembro de 2007

Por que Hugo Chávez incomoda tanto as elites?*

As transformações sociais em curso na América Latina, especialmente na Venezuela, estão incomodando os diversos grupos que sempre tiveram privilégios insustentáveis. São os mesmos que se apropriam das riquezas naturais e impõem à população um modelo de "desenvolvimento" que degrada de forma irreversível o meio ambiente e provoca o esgarçamento do tecido social, fazendo da sociedade palco de violência sem precedentes.

O medo destes grupos se agrava com a possibilidade concreta de a Venezuela passar a integrar o Mercosul. Por isso, fomenta-se no Brasil um processo de satanização de Hugo Chávez e da Revolução bolivariana. A mídia, o quarto poder, através da Revista Veja, da TV Globo e Cia, procura, de forma orquestrada, macular o processo de libertação ora em curso na Venezuela e na Bolívia. Tenta impedir a construção de uma outra forma de organização política fora da "democracia" liberal hegemônica, esta que pretende ser a vitória do capitalismo sobre o socialismo real, pós-esfacelamento do leste europeu e que teve a pretensão de determinar o "fim da história".

Estivemos em Caracas, na Venezuela, durante dez dias, no 6o Fórum Social Mundial. Mantemos comunicação com várias pessoas amigas de lá. Diante da enxurrada de calúnia que a mídia propala impiedosamente contra Hugo Chávez, cabe recordar várias coisas que estão acontecendo na Venezuela.

Um grande mutirão pela educação acabou com o analfabetismo naquele país. O povo controla e comercializa o petróleo, grande riqueza natural que agora serve para melhorar a vida das pessoas e não mais aumentar o lucro das multinacionais. O povo venezuelano está cheio de esperança. Uma juventude, em sua maioria esclarecida, está comprometida com a organização popular, com a construção de uma democracia verdadeiramente participativa.

As críticas internas a Hugo Chávez vêm dos canais de TV que estão nas mãos das elites e da minoria privilegiada. A população pobre é beneficiada com preços de 30 a 50% mais baixos do que nos mercados privados nos milhares de Mercados Populares - MERCAL - que alimentam a maioria da população.
Os estudantes que lideram os movimentos por "liberdade" são os de classe média alta, defensores dos ideais de liberdade como privilégio para poucos, mesmo quando o sistema que mantém essa chamada "liberdade" condena à miséria e à exclusão a maioria da população.

Na Venezuela bolivariana, todos os estudantes que cursam universidades públicas, ou que ganham bolsas de estudos, diferentemente do que acontece no Brasil, prestam serviço social à comunidade. Dão uma contrapartida para a sociedade em vista dos recursos públicos que recebem para estudar. Só na Universidade Bolivariana mais de 500 mil jovens pobres estão estudando.

O governo de Hugo Chávez apóia a instalação, regulamentação e funcionamento de rádios comunitárias. Não há burocracia para conseguir a documentação e o governo ajuda financeiramente na compra dos equipamentos para se fortalecer a comunicação alternativa e mais interativa. Assim, não procedem as alegações de que não há liberdade de imprensa na Venezuela. O governo venezuelano não tem o monopólio da informação.
Contrariamente investe contra o monopólio dos meios de comunicação, como o que ocorre hoje no Brasil, onde poucas famílias controlam o sistema de informação de massa.

Na Venezuela, atualmente, existem mais de 20 mil médicos cubanos, que, com apenas uma ajuda de custo cerca um salário-mínimo, estão alavancando uma revolução no sistema público de saúde. São responsáveis pelo atendimento primário da população, algo parecido com o médico de família. Estão nas favelas e bairros pobres; lá vivem e atendem, com competência e dedicação, os pobres. "Por mais de 50 anos os médicos venezuelanos recém formados se recusaram a ir para o interior, para os bairros, para a periferia. Só queriam ficar na capital, ganhar dinheiro às custas da dor. Agora, com Chávez, eles tiveram sua chance de ajudar o povo. Não quiseram. Então foi preciso apelar para a solidariedade. Vieram os médicos de Cuba e estamos tendo acesso à saúde nos lugares mais distantes e pobres", informa um jovem da periferia de Caracas.

Yojin Ramones, um venezuelano que vive no Brasil, referenda nossa percepção, revelando que na Venezuela há uma recuperação acelerada da atividade econômica, melhorando o poder aquisitivo de todos. Isso mesmo, de todos - os venezuelanos, ricos e pobres (antes eram apenas os ricos). O país tem anualmente o crescimento do PIB (Produto Interno bruto) mais elevado da América Latina, cerca de 10% nos últimos anos. Lá são convocados referendos sobre os temas mais importantes do país, de modo que o povo opine e escolha o que quiser. Os abusos dos bancos foram freados pelo governo. Por exemplo, a taxa de juro anual de um cartão de crédito é de 28% a.a. Aqui no Brasil é acima de 120% a.a.

Não há país da América latina que tenha feito tantas obras - como metrôs, pontes, teleférico, aeroportos - em apenas oito anos. Os serviços de saúde devolveram a vista a milhares de pessoas carentes de recursos, não só venezuelanos, mas latino-americanos. Pela primeira vez, muitos bairros pobres têm um médico para dar atenção às pessoas. A integração da América do Sul é prioridade para o fortalecimento de nossas raízes e forças latino-americanas.

Quanto à democracia é importante lembrar que o Hugo Chávez, assim como os partidos políticos que o apóiam, venceu todas as eleições que foram supervisionadas por organismos internacionais e políticos de todo o mundo, inclusive um ex-presidente norte-americano (JIMMY CARTER). Todos atestaram a lisura dos pleitos.

Importante acrescentar que as eleições ocorreram com a grande maioria dos meios de comunicação (jornais, rádios e TV) em franca campanha de difamação contra o governo de Hugo Chávez. Em qualquer parte do mundo, os responsáveis pelas emissoras de rádio e TV, teriam sua concessão cassada, e em alguns países seriam processados por calúnia e difamação, como, por exemplo, nos EUA e na França.

A reforma da Constituição, ora em curso, faz parte de um processo de mudança estrutural radical, que pode transformar a Venezuela em uma sociedade sem miséria, sem exploração e sem exploração, fundada na solidariedade e não na competição, no egoísmo e na ganância.

Para além dos mecanismos de democracia representativa, o povo da Venezuela tem mostrado uma grande capacidade de mobilização e participação, construindo uma democracia participativa que legitima as transformações em curso.

Nós devemos ficar sempre atentos para que o caminho democrático participativo construído na América latina hoje não seja desviado por projetos pessoais. Toda mudança só é legitima se construída democraticamente pelo povo.

Nesta esteira é que temos de defender aguerridamente os povos e os projetos transformadores de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador. Primeiro, porque sãos povos que estão em processo de libertação, lutam com destemor contra o imperialismo e a opressão capitalista neoliberal. Segundo, porque se estes países forem sufocados, teremos que viver mais tempo com os valores da indiferença pelo ser humano que hoje domina as sociedades e ameaça o planeta.

Belo Horizonte, 14/11/2007.

Adital -
*Por:- Frei Gilvander Luís Moreira, mestre em Exegese Bíblica e assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina, e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br- Delze dos Santos Laureano, professora de Direito Constitucional e Direito Agrário, membro da RENAP - Rede Nacional de Advogados Populares, e-mail: delzesantos@hotmail.com - Dr. José Luiz Quadros de Magalhães, professor de Direito Constitucional da UFMG,e-mail: ceede@uol.com.br

Frei Pilato Pereira: "Chaves, não se cale!"

A simbólica frase do rei da Espanha dirigida a Hugo Chávez, é para todos os povos da América Latina. Nossos opressores não perderam a arrogância, não reconhecem plenamente nossa liberdade e soberania. Ainda guardam, em seu ímpeto, o desejo de nos governar. Por isso, é bom que Chávez não se cale.

por Frei Pilato Pereira*

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não apenas por ideologia, mas também pelo estilo de ser, agrada alguns e desagrada a outros. Até mesmo quem comunga com seus ideais pode não gostar de seu modo falador, por exemplo, que o coloca sempre em evidência. Mas, muitos gostam de seu estilo falante, às vezes debochado. Outros, porém, apreciam apenas de seus ideais e existe também quem o repudia por completo. Falar exageradamente muito, é uma característica do Presidente Chávez, é seu jeito de ser.

E quem fala muito, mesmo que sejam palavras sérias e importantes, pode provocar desconforto e chatice. Enfim esta é uma questão pessoal do Hugo Chávez, ele gosta de falar e não perde tempo. Mas não foi por isso que o Rei da Espanha, Juan Carlos, o mandou calar a boca durante a última reunião da Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile, quando fazia algumas críticas ao ex-primeiro-ministro espanhol. Por traz do fato ocorrido existe algo mais. Ora, o rei da Espanha mandar calar a boca de um presidente eleito pelo povo de um país que foi sua colônia, mas que conquistou a liberdade e que agora é uma nação livre e soberana. O que significa isso?

Quase todo este vasto continente era colônia da Espanha e tudo estaria sob o jugo do rei espanhol. Em tempos idos, ele poderia mandar calar boca de quem quer que fosse. Mas agora, as coisas mudaram. O rei só tem prestígio, mas pensa que tem poder absoluto. O rei da Espanha ainda não aprendeu a se comportar de acordo com os acontecimentos da história. Ele não é mais o imperador da América Latina. Não há mais colônia espanhola por essas bandas. Ora o rei esqueceu que deste povo latino americano nasceram José Martí, Simon Bolívar, Che Guevara e outros compatriotas da Pátria Grande que encorajaram o povo a querer e lutar pela liberdade e não aceitar mais a opressão.

As terras de muitos povos indígenas aqui existentes foram invadidas por opressores europeus que foram terrivelmente cruéis, assassinos e não tiveram piedade de nada nem de ninguém. Dizimaram povos e soterram cidades, empreendimentos e organizações. Mas, desta terra latino-americana brotaram vozes de vida e liberdade que vem mudando os rumos da nossa história. Passaram 500 anos de "cale a boca". Mas tem gente que não aceita isto. O fato do rei da Espanha mandar que se cale a boca de Hugo Chávez, presidente eleito democraticamente pelo povo da Venezuela, deve ser bem refletido por todos nós, latino-americanos.

Este episódio demonstra que eles ainda têm vontade de nos mandar calar a boca. Vamos ficar atentos. Dizem que o rei é uma figura simbólica, pois o poder político pertence ao primeiro-ministro. Pode também ser simbólica a palavra do rei. Tal simbologia representa a gana de nos calar. A simbólica frase do rei da Espanha dirigida a Hugo Chávez, é para todos os povos da América Latina. Nossos opressores não perderam a arrogância, não reconhecem plenamente nossa liberdade e soberania. Ainda guardam, em seu ímpeto, o desejo de nos governar. Por isso, é bom que Chávez não se cale. Ou o rei da Espanha e outros vão ter que ouvir os gritos das pedras.

Frei Pilato Pereira é frade capuchinho.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

IPCC alerta sobre os impactos da mudança climática

Saiu, finalmente, o último relatório de mudanças climáticas do IPCC. Veja o resumo, na matéria da France Press, reproduzida no Correio Braziliense:

IPCC alerta sobre os impactos irreversíveis da mudança climática

As conseqüências da mudança climática poderão ser irreversíveis, advertem os especialistas do IPCC que divulgaram nesta sexta-feira, em Valência, o resumo de um informe destinado aos dirigentes do planeta.

"A mudança climática antrópica (causada pelo homem) e suas conseqüências podem ser repentinas e irreversíveis", afirma o texto feito pelos delegados do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC, por suas siglas em inglês) "para os que decidem". O resumo do relatório foi adotado na manhã desta sexta-feira em Valência depois de uma noite de discussões.

- A mudança do clima é inequívoca e as emissões de gases de efeito estufa, provocadas pelas atividades humanas (principalmente gás, carvão, petróleo) são responsáveis (90% de certeza) pelo aumento das temperaturas nos últimos cem anos (+0,74°C).

- A temperatura mundial deve aumentar entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor médio mais seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C. O aquecimento será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.

- O aumento da temperatura foi duas vezes mais importante no Polo Norte do que na média mundial nos últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de gelo.

- O nível dos oceanos poderá, segundo as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século em relação ao período 1980-1999.

- Os calores extremos, ondas de calor e fortes chuvas continuarão sendo mais freqüentes e os ciclones tropicais, tufões e furacões, mais intensos.

- As chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões emersas subtropicais.

PRINCIPAIS IMPACTOS:

- Inúmeros sistemas naturais já estão afetados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as regiões costeiras.

- Até 2050, a disponibilidade de água deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais úmidas, mas a seque deve se intensificar nas regiões já afetadas.

- 20 a 30% das espécies vegetais e animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.

- A produção agrícola deve aumentar levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a 2°C.

- Milhões de pessoas se verão afetadas pela má nutrição, as enfermidades ligadas às ondas de calor, as inundações, as secas, as tempestades e os incêndios.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Venezuela: A hora de cada um

Quem conhece a Venezuela, sabe ser impossível que a desarticulada oposição reúna manifestações maiores que as do governo. Os morros que circundam Caracas, por exemplo, são quase que cem por cento chavistas. Eles abrigam uns 80% da população caraquenha. Quem tiver alguma dúvida, pergunte a quem mora na capital Venezuelana - e que diga a verdade, claro, porque, se perguntar a um anti-Chavista hidrófobo, ele dirá que 110% dos caraquenhos são contrários a Chávez.

A manipulação da mídia em torno da situação política na Venezuela já se tornou caso de polícia. Como é que pode, num país supostamente democrático, os meios de comunicação mentirem tanto?

Quem se informa por veículos como Globo, Folha etc, está sendo lesado. Estão vendendo a essas pessoas a idéia de que a sociedade venezuelana vive sob uma ditadura. Reproduzem as manifestações minguadas da oposição inflando-as através da manipulação de fatos e fotos.

O Luiz Carlos Azenha ( viomundo.globo.com ) vem produzindo matérias fantásticas sobre a Venezuela; vejam, abaixo, as fotos das manifestações pró e contra Chávez que ele publicou em seu site

Pró-Chávez

Contra Chávez

A pior mentira, é a seguinte: falam que a Venezuela é "ditadura", mas o que querem, os manifestantes da oposição, é impedir que o povo venezuelano vote se aceita ou não a nova constituição. Falam de democracia, mas querem impedir que ela funcione. O argumento? O de sempre, claro: "o povo não sabe votar".

Outra grave mentira da mídia, é a seguinte: estão dizendo que Chávez mandou disparar contra os manifestantes da oposição. Fizeram a mesma coisa em 2002, pouco antes do golpe de Estado que tirou o presidente do poder por dois dias.

Em 2002, as tevês brasileiras fartaram-se de reproduzir um vídeo em que militantes chavistas disparavam por cima de uma mureta. Como houve mortos no enfrentamento entre governo e oposição, as hostes oposicionistas marcharam para o Palácio presidencial de Miraflores acusando Chávez de ter mandado franco-atiradores matarem opositores nas ruas.

Quem viu o documentário "The Revolution will not be televised" (A Revolução não será televisionada), viu que o chavista que aparecia atirando estava reagindo contra tiros vindos não se sabe de onde. Quando a câmera mira na direção em que os chavistas atiravam, vê-se que não havia gente naquela direção, porque quem atirava nos chavistas estava escondido.

É impressionante como agora tentam fazer a mesma coisa. Usam uma fórmula que já não funcionou. Só que essa fórmula de acusar Chávez de mandar seus partidários atirarem contra o povo, foi o que provocou a tentativa de golpe de Estado de 2002. Para mim, sonham criar clima para outro golpe que possa dar certo...

sábado, 10 de novembro de 2007

Petrobras é a 5ª entre maiores empresas do continente



A forte alta registrada pelas ações da Petrobras na quinta-feira (8), após o anúncio da descoberta de uma gigantesca reserva de petróleo e gás, elevou a companhia à condição de quinta maior em valor de mercado entre as empresas de capital aberto de toda a América e à primeira da América Latina.


Segundo cálculos divulgados nesta sexta-feira (9) pela empresa de consultoria Economática, o valor de mercado da Petrobras no fechamento da quinta (8) chegou a US$ 221,9 bilhões, fazendo com que a empresa saltasse do nono para o quinto lugar entre as empresas mais valiosas da América.

A estrela de Estela cresce


Revista Época


As rugas de Dilma Rousseff são aquele algo a mais que transmite credibilidade. Mesmo aquelas verticais, entre as sobrancelhas, franzidas quando a ministra anunciou o novo megacampo de petróleo. Em vez de Botox, muita expressão. Em vez de retórica inflamada, um discurso técnico, com o carisma de quem conhece o tema e a causa. Foi Dilma, com seu tailleur lilás, o penteado sóbrio de sempre, os óculos sem aro e um par de brincos discretos, a escolhida pelo presidente Lula para dar as boas-novas. Não foi o ministro de Minas e Energia. Nem o presidente da Petrobras. É só ver e ouvir Dilma na televisão para entender o acerto da escolha de Lula.


A esta altura, não importa por que a ministra-chefe da Casa Civil está sendo empurrada pelo presidente para os holofotes. A explicação mais óbvia é que Lula deseja lançá-la como sua candidata à sucessão. Seria Lula o arauto do Tupi. Mas o presidente ergueu ao palco seu soldado mais eficiente. Aquele com quem mais tempo passa diariamente, entre os 37 ministros. O que trabalha 13 horas por dia. E o que fala melhor.


Dilma estudou em colégio de freiras, o Sion, e diz que se tornou “subversiva” na escola pública. Aos 19 anos, virou guerrilheira em grupos clandestinos de esquerda. Era magrinha, alta, usava jeans e camiseta branca. Um estilo meio Heloísa Helena. Rosto bonito, por trás dos óculos de lentes grossas. Dilma foi expulsa da faculdade de Economia por sua atuação política, e caiu na clandestinidade. Seu codinome mais famoso era Estela. Foi presa em janeiro de 1970, e torturada durante 22 dias com choques elétricos. Após três anos de prisão, mudou-se para Porto Alegre. Casou e teve uma filha. Entrou no PDT. Foi secretária de Energia em governo petista. Hoje, na casa oficial do Lago Sul, em Brasília, vive só com um labrador preto, o Nego. Suas paixões são ópera, tragédias gregas e cultura oriental.


É chamada de durona, mandona, chata. Obsessiva com horários e cumprimento de tarefas. No Orkut, uma comunidade a odeia, e outra a quer na Presidência. “Dilma entende pra caramba de petróleo e energia. Foi escolhida para anunciar as novas reservas porque só ela daria a densidade exata ao que está em jogo, a criação de um novo modelo de licitação, uma nova matriz”, diz um assessor do presidente Lula. “É como se a Petrobras tivesse descoberto um parque de Ferraris embaixo de um parque de Fuscas.” Era preciso um tom sem ufanismo. A fala deveria transmitir prudência, convicção e confiança. Quem melhor do que a Dilma? Com suas rugas de expressão preservadas, uma mulher competente sem rosto de plástico. Apenas o colar com pingente de borboleta traía seu costumeiro e clássico fio de pérolas.


Para a estrela de Estela continuar subindo, Dilma precisa driblar uma armadilha. Ela é gerente-geral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma e o PAC são as atuais meninas-dos-olhos de Lula. Mas, dos R$ 15,2 bilhões previstos em obras neste ano, menos de um terço foi liberado e executado. A burocracia está segurando muito dinheiro na Caixa. O PAC, por enquanto, não passa de um paquiderme.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Terceiro mandato de Lula seria contraditório com seu projeto

Mino Carta escreve:

Alguns companheiros de navegação gostariam que me manifestasse a respeito de iniciativas tomadas por petistas variados a favor do terceiro mandato do presidente Lula. Digo, de saída, que o Lula da minha memória, remota e recentíssima, não cogita de mais um mandato. No meu entendimento atual, Lula pretende passar à história como grande mediador entre minoria e maioria, entre ricos e pobres, entre norte e sul, em benefício da consolidação da nossa incipiente democracia. Não entro no mérito deste que seria seu projeto, mas é assim que encaro a presente atuação do presidente. Como sabemos, a conciliação, no Brasil, sempre foi a das elites. A tradição não muda pelos caminhos da moderação, e sim por meio da pressão popular, que por ora falta. De todo modo, a busca do terceiro mandato seria contraditória demais em relação ao plano. E vou contar um episódio recente. Na festa de CartaCapital, segunda 29 passada, como de hábito me coube dar as boas-vindas aos convidados. Lula voara para Zurique e se fazia representar pelo presidente em exercício, Arlindo Chinaglia, secundado pelo ministro Franklin Martins. Ao alcance do microfone, da tribuna permito-me falar da revista, da pesquisa da InterScience destinada a premiar as empresas mais admiradas no Brasil, com leves toques sobre a situação política. Ao encerrar a fala, disse da minha convicção de que Lula fará seu sucessor em 2010, pedi aos deuses gregos que o iluminassem na hora de escolher seu candidato e, enfim, sem decliná-lo, afirmei ter um nome em mente. Quando voltei ao meu lugar, ao lado de Chinaglia, ele sussurrou: “Não seria o nome de uma senhora?” Anuí, embora sem pronunciá-lo: Dilma Roussef.
blogdomino.blig.ig.com.br