domingo, 23 de dezembro de 2007

O Filho do Homem

Vinicius de Moraes

O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.

Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo.

Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.

A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.

O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.

Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.

Natal de 1947

O poema acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 215.

Jingle Bell prá vocês

Mário Prata

Não gosto do Natal. Não chego a odiar mas não gosto. Nunca gostei. Desde pequeno, no interior. Papai Noel sempre me assustou. Gostava de preparar a árvore com dias de antecedência, apesar de não concordar em colocar algodão para "simbolizar" a neve. Gostava de imaginar os presentes. Aliás, não gosto nem de dar e nem de receber presentes em datas certas. O presente é bom quando você não espera. No aniversário, Natal, Dia da Criança, depois Dia dos Pais, acho um saco de Papai Noel. O presente, conforme a palavra em si se explica, é uma presença. Portanto, não pode ser datada. Não deve ser uma obrigatoriedade.

Além de não gostar do Natal, em alguns aspectos, ele chega a ser irritante: Em vários aspectos. Senão, vejamos:

— Quer coisa mais irritante durante o mês de dezembro do que ir a um barzinho ou restaurante, de noite, para tomar um chopinho e ter, ao seu lado, aos gritos, berros e urros, uma "festinha da firma", com risos histéricos, discursos profundos e etílicos do "chefe", gozações com a "gostosa" da firma e a indefectível troca de "amigos secretos?" Por que gritam tanto nas "festinhas da firma?" E quando você vai ao banheiro sempre tem um ou dois funcionários burocraticamente vomitando. Como se vomita no Natal! Principalmente os bancários.

— E o "amigo secreto" então? Já notaram que sempre sai para quem não é nem muito amigo e muito menos muito secreto? E você passa o mês inteiro tendo que imaginar o que vai dar praquele chato. Se o "amigo secreto" já é uma relação constrangedora na firma, em família então, nem se fala. Em primeiro lugar, porque dois ou três dias depois do "sorteio", todo mundo já sabe quem é o amigo de quem. Você já sabe pra quem vai dar e de quem vai receber. Essas informações sempre vazam no seio familiar. Sempre tem uma irmã que sabe de todos, ninguém sabe como. E você que torceu para não sair aquela prima fofoqueira, pois é justamente com ela que você vai se abraçar logo mais. E dizer todas aquelas frases. Todas, são insubstituíveis.

— E as propagandas de Natal? Existe coisa mais horrível que este bando de gordos com brancas barbas, puxados por veadinhos? A publicidade brasileira é uma das melhores do mundo, perdendo talvez apenas para a inglesa. Mas, chega o Natal, baixa o "espírito natalino" nos criadores das agências e dá no que dá. Eles não conseguem (há 1.994 anos) fazer um único anúncio sequer decente nessa época. São constrangedores, amadores, dignos de um Papai Noel de mentirinha. Tem uns, mais "criativos", que até neve têm, debaixo dos 40 graus de dezembro.

— E aqueles Papais Noéis que vão de casa em casa e os pais obrigam as criancinhas a dar beijo naquele sujeito imenso, barba descolada, sapatão de militar, já meio bêbado depois de passar em várias casas de amigos e parentes? As criancinhas esperneiam, não dormem semanas seguidas, sonhando com aquele monstro que o pai fez beijar. Meu Deus, é um outro pai que eu tenho?, devem pensar os pequenininhos da família. E o monstro ainda diz "coisas" para os indefesos, presos nos braços do pai ou da mãe, quiçá da avó: este ano, não vai fazer malcriação, vai comer toda a papinha, não vai mentir e nem fazer xixi na cama, viu, Rony? Coitados.

— Mas o pior mesmo é a ceia, propriamente dita. Com o passar dos anos, a família vai crescendo e de repente já são quatro gerações que estão ali, de olho no peru. Umas 50 pessoas. E ali dá de tudo. Cunhados que não se falam, a velhinha que não escuta os planos do asilo, o fulano que está falido, coitado, a prima que está dando para um sobrinho, aquele casal que está separado mas que, no Natal, baixa o "espírito" e eles comparecem juntos. Todo mundo sabe que se odeiam. Mas é Natal. Aquele tio que deve tanto para o seu irmão também está lá. Mas é Natal. E a irmã que não pagou a trombada que ela deu com o carro do tio-avô? Tudo é permitido. Afinal, é Natal. Nasceu quem mesmo? Jesus, não foi? E, por isso, à meia-noite, todos dão as mãos e rezam (des)unidos.

— E, para terminar: existe música mais chata que Jingle Bell?

Já o Reveillon, é o maior barato. É quando tomamos o porre para tirar e esquecer a ressaca do Natal. Mas não adianta. No ano que vem, tem outro Natal.

Texto extraído do livro "100 Crônicas", Cartaz Editorial - São Paulo, 1997. pág. 148.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Aprovação de Lula, segundo Ibope


Clique na imagem acima para ver mais de perto, com alguns dados da pesquisa CNI/Ibope divulgada esta semana. É interessante analisar isso mais atentamente porque desfaz alguns mitos muito difundidos por colunistas conservadores. Por exemplo, reparem que Lula tem aprovação de 55% das pessoas com ensino superior completo ou mais, contra 45% que não o aprovam e 5% que não se definiram.

Reparem ainda que, entre os que possuem o ensino médio completo, 63% aprovam o governo Lula, contra 32% que não o aprovam.

Outro dado importante é que, entre os mais ricos, que ganham mais de 10 salários mínimos, Lula tem aprovação de 46%, contra 50% que não o aprovam e 4% que preferiram não responder a pergunta.

Os números mostram, portanto, que o apoio à Lula não vem somente de pessoas sem instrução e descamisados. Pessoas com segundo grau completo e formadas em universidades também emprestam seu apoio ao líder metalúrgico.

Entretanto, não podemos cair na esparrela preconceituosa do conservadorismo vulgar e menosprezar a aprovação esmagadora que Lula tem junto à classe média média, média baixa e os mais pobres. Reparem que desde as pessoas que ganham menos de 1 salário mínimo até aqueles que ganham 10 salários mínimos, a aprovação é superior a 60%, com uma escala crescente entre os mais pobres. Ou seja, desde quem não ganha nada até quem ganha R$ 4.000 por mês, o que deve significar 95% ou mais da população brasileira, Lula tem uma aprovação superior a 60%, chegando a 71% entre os mais pobres, e isso no sexto ano de seu mandato, quando a sociedade já teve tempo de avaliar meticulosamente as qualidades e defeitos de Lula.

Outro número interessante é que a faixa etária onde Lula tem mais apoio é a de 30 a 39 anos, o auge da vida profissional, sexual, existencial. Esses jovens tiveram tempo de viver os tempos fernandinos, e comparar. De resto, Lula tem ampla aprovação em todas as faixas etárias.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Gritos e sussurros

Postado por Luiz Weis no Observatório da Imprensa

No domingo, 28 de outubro, sob o título “Ex-interno diz que fazia sexo por dinheiro com padre” a Folha publicou:

“O ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, 25, preso acusado de extorquir o padre Júlio Lancelotti, 58, afirmou à polícia que sustentou por oito anos relação homossexual com o religioso em troca de dinheiro.”

Hoje, sob o título “Detento recua e nega relação íntima com padre”, a Folha publica:

“O detento Marcos José de Lima, suspeito de ter extorquido o padre Júlio Lancelotti, 58, foi interrogado ontem pela Polícia Civil e negou ter mantido relação íntima com o religioso em troca de dinheiro, como disse à Justiça.”

Os nomes dos presos não são a única diferença entre os dois textos. A mais importante é que o primeiro saiu na metade superior da primeira página. O segundo, no canto inferior direito de uma página interna do jornal – com um título bem menor.

Nada de novo na mídia: as acusações saem aos gritos; os desmentidos, aos sussurros.

Os acusados – e os leitores – que se lixem.
http://www.projetobr.com.br/

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

CPMF: Quem quer tirar o leite das crianças

Paulo Henrique Amorim

. Guarde bem esses nomes:

--DEM--
Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA)
Ademir Santana (DEM-MA)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Efraim Moraes (DEM-PB)
Eliseu Rezende (DEM-MG)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Jonas Pinheiro (DEM-MT)
José Agripino (DEM-RN)
Kátia Abreu (DEM-TO)
Jaime Campos (DEM-MT)
Marco Maciel (DEM-PE)
Maria do Carmo Alves (DEM-PE)
Raimundo Colombo (DEM-SC)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)

- - PSDB - -
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Marisa Joaquina Monteiro Serrano (PSDB-MS)
Sérgio Guerra (PSDB-PE) - clique aqui para ler que o presidente do PSDB não sabe o que dizer de FHC
Mário Couto Filho (PSDB-PA)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
João Tenório (PSDB-AL)
Marconi Ferreira Perillo Júnior (PSDB-GO)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)

--PMDB--
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)

. Preste atenção ao rosto deles e delas – vá à galeria do Conversa Afiada (clique aqui).
. Esses senadores participaram da reunião de ontem, terça-feira, dia 27, em que a oposição decidiu ir “para cima”: votar logo a CPMF porque já tem os votos necessários para evitar a prorrogação.

. Esse grupo aí em cima é o “núcleo duro” da não-prorrogação, sob a liderança de Arthur Virgilio (PSDB) e Agripino Maia (DEM).

. Como demonstra a entrevista do Ministro Patrus Ananias, a CPMF, além de ser aplicada na área de saúde, fornece 87% dos recursos do Bolsa Família.

. (Clique aqui para ler que a CPMF entra com 87% (!!!) dos recursos do Bolsa Família)

. Vejam bem: 87% do Bolsa Família saem da CPMF.

. Além disso, há dinheiro da CPMF na agricultura familiar, em construção de cisternas na região da seca nordestina, e na compra de comida para crianças – o “leite das crianças”.

. Quer dizer, a CPMF vai direto ao centro do Brasil mais pobre.

. Esse Brasil que ainda precisa ter “índice de desenvolvimento humano” efetivamente alto.

. É o dinheiro da CPMF, associado, por exemplo, ao aumento real do salário mínimo e do aumento real dos salários – como demonstra o professor Ricardo Paes e Barros do IPEA (clique aqui para ir ao site do IPEA) - que permite reduzir a desigualdade de renda no Brasil.

. O que querem esses que querem tirar o “leite das crianças” ?

- O que querem esses senhores e senhoras dessa lista acima exposta ?

. Não os move nenhuma idéia nobre.

. Eles não têm alternativa a propor.

. Eles não sabem o que dizer, como provou o último Congresso do PSDB, que vai entrar para os anais da história política brasileira como o Congresso em que Fernando Henrique Cardoso deixou a máscara cair e se mostrou inteiro: preconceituoso e racista (clique aqui para ler).

. Eles querem tirar “o leite das crianças”, porque querem empobrecer os pobres e impedir que os pobres continuem a associar seu progresso às políticas sociais do Governo Lula.

. E que essas políticas e seu sucesso se transmitam ao candidato que o Presidente Lula escolher para sucedê-lo.
. É uma esperteza eleitoral, apenas.

. Vai além do imediatismo fiscal do movimento “Cansei” e da pregação do presidente da FIESP, que estão mesmo é interessados em acabar com esse maldito imposto que combate o Caixa Dois, o “bahani”, o “São Nicolau”, o “Sem Nota” do Law Kin Chong.

. Esses senhores e senhoras:

. Esses senhores e senhoras aí de cima não engolem que o Presidente Lula – como Cristina Fernández de Kirchner – tenha sido eleito, sobretudo, pelos pobres.

. Os conservadores não podem tolerar isso.

. Que o Brasil, como a Argentina, tenha, de novo, um “pai dos pobres”.

. Já que não é possível fazer com que ele dê um tiro no peito, é melhor impedir a prorrogação da CPMF.

. “Tirar o leite das crianças” não passa de manobra eleitoral revestida de ideologia liberal.

. O que não se entende é o que um homem público com o passado de Jarbas Vasconcellos, que todos os jornalistas da minha geração aprenderam a admirar e a respeitar, esteja a fazer nesta lista.
. Ao lado de Arthur Virgilio, Heráclito Fortes, Eduardo Azeredo ...
. O Conversa Afiada deve ter cometido um equivoco que pretende corrigir o mais rápido possível.
conversa-afiada.ig.com.br

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Brasil toma as rédeas da América Latina com petróleo, diz 'El País'


Reportagem publicada neste domingo pelo diário espanhol El País afirma que a descoberta de novas reservas de gás e petróleo no Brasil o fizeram “tomar as rédeas da América Latina”, permitindo ao país “reafirmar seu papel de potência regional e se afastar de (Hugo) Chávez e (Evo) Morales”. “Nem o petróleo da Venezuela nem o gás da Bolívia. Com dois anúncios quase simultâneos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva colocou o Brasil como a principal potência energética da América Latina no médio prazo tanto na visão de seus vizinhos quanto nos investimentos internacionais”, afirma o jornal.

Segundo a reportagem, esses dois anúncios se referem à descoberta do novo campo de Tupi, na Bacia de Santos, e à retirada do Brasil de um projeto conjunto de gás na Venezuela. O jornal afirma que “o Brasil nunca escondeu que considera a América do Sul sua área de influência estratégica, e os acontecimentos ocorridos nos últimos dois anos em torno de projetos populistas em países da região, como Venezuela e Bolívia, haviam soado os alarmes no Executivo e na diplomacia brasileira”.

Dependência energética - O artigo argumenta que essa preocupação não vinha tanto pelo caráter político dos governos dos dois países, mas sim pela “dependência energética em que estava se afundando”. “Por isso não é de se estranhar que nesta semana Lula declarasse eufórico que ‘está comprovado que Deus é brasileiro’ ao comentar a descoberta das reservas de petróleo que não somente consagram a já conseguida, em 2006, auto-suficiência petrolífera do país, como o convertem em um exportador em potencial”, diz o jornal.

A reportagem conclui dizendo que a nova condição brasileira e a retirada da Petrobras de um projeto de extração de gás considerado importante para a construção do gasoduto da América do Sul, proposto por Chávez, podem levar a atritos nas relações entre os dois países. “O governo de Lula é amistoso em suas formas com seu homólogo venezuelano, mas a ninguém se escapa que ambos perseguem o objetivo de se converter em referência energética regional e estão em rumo de colisão, que cedo ou tarde ocorrerá”, afirma o jornal. “Lula e Chávez têm prevista uma reunião em dezembro, em uma cúpula trimestral ordinária, para tratar de energia. Lula chegará ao encontro em uma posição muito diferente e de muito mais força que no passado”, finaliza o texto.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A volúpia jaboriana

Arnaldo Jabor é um hábil manipulador das palavras. Para ser um bom escritor, no entanto, é preciso caráter. Seja um escritor de ficção, seja um escritor de política. Jabor inventou uma ideologia, o lulo-sindicalismo, termo que usa e abusa como um selo criminal colado em todo problema brasileiro. Tem um bueiro vazando na Visconde de Pirajá? A culpa é do "lulo-sindicalismo". Com isso, Jabor criminaliza Lula, eleito duas vezes com mais de 60 milhões de votos, e os sindicatos, que representam a única força política capaz de se contrapor aos interesses anti-trabalhistas. Antes de Lula, dizia-se que não se podia aumentar o salário mínimo sem causar uma grande onda de desemprego. Por conta desse mito, os governos anteriores, especialmente o de Fernando Henrique Cardoso, permitiu a corrosão da renda do salário mínimo sem que Arnaldo Jabor visse nisso algum problema. Fome, salários baixos, miséria?

Para Jabor, fatores como aumento do salário mínimo, aumento do emprego formal, melhora da distribuição de renda, não significam muita coisa. Existe um grande mal no ar, uma terrível depressão, um desalento. Estamos anestesiados, diz Jabor. Impotentes. Que importa se só agora a Polícia Federal trabalha de verdade? Que importa se Lula reformou profundamente a PF, contratando milhares de novos policiais, por concurso, injetando verba e entusiasmo na instituição, que por conta disso está conseguindo realmente fazer a diferença na guerra contra a corrupção? Não importa. Não importa. Não importa. A corrupção continua aí e estamos de mãos atadas. "O governo Lula tem o álibi de ser um governo do povo", explica Jabor. "O discurso oficial ideológico é um sarapatel de idéias". Que frase feia, meu Deus. Tudo bem, continuemos. Jabor diz que o tal discurso é "cepa herdada (resistente a antibióticos) de um autoritarismo leninista, que cruzou com os germes do sindicalismo oportunista", etc, etc. Peraí, onde tem autoritarismo no discurso do governo? E o novo sindicalismo brasileiro, se tem seus defeitos, como qualquer instituição tem, ele tem o mérito de ser um dos mais modernos no mundo, com financiamentos oriundos de fundos de pensão e impostos específicos.

Jabor, assim como FHC, é uma cassandra à procura de uma catástrofe para anunciar. O colunista do Globo "culpa" o bom estado da economia brasileira por nosso alienamento. Como as coisas estão indo bem, estamos nos deixando levar pelo lulismo, quando o certo é que nos organizássemos para combatê-lo. Que importa se as massas estão satisfeitas? Ora, as massas. As massas que se fodam! O que Jabor omite, no entanto, é que a economia brasileira não apenas vai bem, como reúne circunstâncias e fatores positivos que nunca reuniu antes: um crescimento continuado, com distribuição de renda, aumento da capacidade produtiva, ampliação da base energética, com aumento da renda do trabalhador e da oferta de emprego formal.

Gostaria de compreender, portanto, o que deprime tanto Jabor. Será que ele não lê o caderno de economia do próprio jornal onde escreve? A própria Miriam Leitão, sempre tão pessimista, escreveu uma coluna, no domingo passado (se não me engano), citando os reiterados elogios que o diretor do Fundo Monetário Internacional faz ao governo Lula. Não me importo com o que diz o FMI, mas a Miriam Leitão, o Globo e o Jabor deveriam se importar. Hoje o Brasil não deve mais nada ao FMI, portanto as sugestões do FMI podem voltar a ser apreciadas com serenidade, como críticas positivas ou negativas a serem ouvidas e avaliadas de acordo com sua pertinência.

Jabor fala hoje em "bolsa-cabresto", referindo-se obviamente à bolsa família, omitindo estudos de renomadas instituições nacionais e internacionais sobre a validade e eficácia da política assistencial do atual governo, que está sendo inclusive copiada para aplicação em outros países, mesmo aqueles governados por forças conservadoras.

No exterior, Lula é respeitado pelas forças conservadoras e pela esquerda. Aqui, parte de nossa imprensa insiste em sucumbir a este obscuro "malaise" metafísico, obsessivamente produzido e reproduzido por colunistas como Arnaldo Jabor, e que definitivamente não corresponde à realidade da maioria da população, pobres ou ricos. Talvez haja realmente algum grupo de ricaços enfarados, empoadas madames que enviam emails de amor ao ex-cineasta, o mesmo grupo que tentou se articular no Movimento Cansei, aquele cujo organizador, Jorge Doria, liderava passeatas de cãozinhos de luxo em Campos de Jordão. São os extremistas da desilusão. O Brasil pode estar com sua economia bombando, ter encontrado petróleo suficiente para mais um século, ser escolhido para Copa do Mundo 2014, comércio exterior recorde, etc, etc, mas eles estarão sempre lamentando a miséria brasileira. O Brasil descobriu o mega-campo Tupi e nenhum jornal fez caderno especial analisando as perspectivas políticas, econômicas, sociais, geopolíticas que se abrem para o Brasil.
oleododiabo.blogspot.com

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Brasil se converteu em potência


Foto ilustrativa da matéria do Jornal
La Nación


Reportagem diz que o Brasil "é o país da América Latina que mais recebeu investimentos estrangeiros no ano passado, suas reservas crescem, bate recordes em exportações, baixa o risco país, será a sede da Copa de 2014, e, se faltava algo, acaba de descobrir uma megarreserva de ouro negro".

E continua o La Nación:

O Brasil é a décima economia mundial.
Eles( Brasil) têm mais de 200 milhões de cabeças de gado, enquanto nós ainda estamos ancorados nos anos 60 milhões de anos 70.

Hoje, 40% do mercado de carne em todo o mundo é gerido por empresas brasileiras.

Foi o oitavo mercado bolsista mundial, em volume, o que nos últimos 5 anos cresceu 1600% no primeiro semestre de 2007 atingiu 10% das partes globalmente.
Suas exportações elevaram - se a 137000 milhões de dólares, mais do dobro do que há quatro anos.

Na década de 40, todo o PIB da América Latina combinados, incluindo a do Brasil, foi o mesmo que na Argentina, o Brasil hoje é quatro vezes maior do que a nossa.

Quando vamos ler notícia como essa na imprensa Brasileira? Enquanto esperamos por esse dia, você pode ler o texto completo do Jornal La Nación aqui

domingo, 18 de novembro de 2007

Por que Hugo Chávez incomoda tanto as elites?*

As transformações sociais em curso na América Latina, especialmente na Venezuela, estão incomodando os diversos grupos que sempre tiveram privilégios insustentáveis. São os mesmos que se apropriam das riquezas naturais e impõem à população um modelo de "desenvolvimento" que degrada de forma irreversível o meio ambiente e provoca o esgarçamento do tecido social, fazendo da sociedade palco de violência sem precedentes.

O medo destes grupos se agrava com a possibilidade concreta de a Venezuela passar a integrar o Mercosul. Por isso, fomenta-se no Brasil um processo de satanização de Hugo Chávez e da Revolução bolivariana. A mídia, o quarto poder, através da Revista Veja, da TV Globo e Cia, procura, de forma orquestrada, macular o processo de libertação ora em curso na Venezuela e na Bolívia. Tenta impedir a construção de uma outra forma de organização política fora da "democracia" liberal hegemônica, esta que pretende ser a vitória do capitalismo sobre o socialismo real, pós-esfacelamento do leste europeu e que teve a pretensão de determinar o "fim da história".

Estivemos em Caracas, na Venezuela, durante dez dias, no 6o Fórum Social Mundial. Mantemos comunicação com várias pessoas amigas de lá. Diante da enxurrada de calúnia que a mídia propala impiedosamente contra Hugo Chávez, cabe recordar várias coisas que estão acontecendo na Venezuela.

Um grande mutirão pela educação acabou com o analfabetismo naquele país. O povo controla e comercializa o petróleo, grande riqueza natural que agora serve para melhorar a vida das pessoas e não mais aumentar o lucro das multinacionais. O povo venezuelano está cheio de esperança. Uma juventude, em sua maioria esclarecida, está comprometida com a organização popular, com a construção de uma democracia verdadeiramente participativa.

As críticas internas a Hugo Chávez vêm dos canais de TV que estão nas mãos das elites e da minoria privilegiada. A população pobre é beneficiada com preços de 30 a 50% mais baixos do que nos mercados privados nos milhares de Mercados Populares - MERCAL - que alimentam a maioria da população.
Os estudantes que lideram os movimentos por "liberdade" são os de classe média alta, defensores dos ideais de liberdade como privilégio para poucos, mesmo quando o sistema que mantém essa chamada "liberdade" condena à miséria e à exclusão a maioria da população.

Na Venezuela bolivariana, todos os estudantes que cursam universidades públicas, ou que ganham bolsas de estudos, diferentemente do que acontece no Brasil, prestam serviço social à comunidade. Dão uma contrapartida para a sociedade em vista dos recursos públicos que recebem para estudar. Só na Universidade Bolivariana mais de 500 mil jovens pobres estão estudando.

O governo de Hugo Chávez apóia a instalação, regulamentação e funcionamento de rádios comunitárias. Não há burocracia para conseguir a documentação e o governo ajuda financeiramente na compra dos equipamentos para se fortalecer a comunicação alternativa e mais interativa. Assim, não procedem as alegações de que não há liberdade de imprensa na Venezuela. O governo venezuelano não tem o monopólio da informação.
Contrariamente investe contra o monopólio dos meios de comunicação, como o que ocorre hoje no Brasil, onde poucas famílias controlam o sistema de informação de massa.

Na Venezuela, atualmente, existem mais de 20 mil médicos cubanos, que, com apenas uma ajuda de custo cerca um salário-mínimo, estão alavancando uma revolução no sistema público de saúde. São responsáveis pelo atendimento primário da população, algo parecido com o médico de família. Estão nas favelas e bairros pobres; lá vivem e atendem, com competência e dedicação, os pobres. "Por mais de 50 anos os médicos venezuelanos recém formados se recusaram a ir para o interior, para os bairros, para a periferia. Só queriam ficar na capital, ganhar dinheiro às custas da dor. Agora, com Chávez, eles tiveram sua chance de ajudar o povo. Não quiseram. Então foi preciso apelar para a solidariedade. Vieram os médicos de Cuba e estamos tendo acesso à saúde nos lugares mais distantes e pobres", informa um jovem da periferia de Caracas.

Yojin Ramones, um venezuelano que vive no Brasil, referenda nossa percepção, revelando que na Venezuela há uma recuperação acelerada da atividade econômica, melhorando o poder aquisitivo de todos. Isso mesmo, de todos - os venezuelanos, ricos e pobres (antes eram apenas os ricos). O país tem anualmente o crescimento do PIB (Produto Interno bruto) mais elevado da América Latina, cerca de 10% nos últimos anos. Lá são convocados referendos sobre os temas mais importantes do país, de modo que o povo opine e escolha o que quiser. Os abusos dos bancos foram freados pelo governo. Por exemplo, a taxa de juro anual de um cartão de crédito é de 28% a.a. Aqui no Brasil é acima de 120% a.a.

Não há país da América latina que tenha feito tantas obras - como metrôs, pontes, teleférico, aeroportos - em apenas oito anos. Os serviços de saúde devolveram a vista a milhares de pessoas carentes de recursos, não só venezuelanos, mas latino-americanos. Pela primeira vez, muitos bairros pobres têm um médico para dar atenção às pessoas. A integração da América do Sul é prioridade para o fortalecimento de nossas raízes e forças latino-americanas.

Quanto à democracia é importante lembrar que o Hugo Chávez, assim como os partidos políticos que o apóiam, venceu todas as eleições que foram supervisionadas por organismos internacionais e políticos de todo o mundo, inclusive um ex-presidente norte-americano (JIMMY CARTER). Todos atestaram a lisura dos pleitos.

Importante acrescentar que as eleições ocorreram com a grande maioria dos meios de comunicação (jornais, rádios e TV) em franca campanha de difamação contra o governo de Hugo Chávez. Em qualquer parte do mundo, os responsáveis pelas emissoras de rádio e TV, teriam sua concessão cassada, e em alguns países seriam processados por calúnia e difamação, como, por exemplo, nos EUA e na França.

A reforma da Constituição, ora em curso, faz parte de um processo de mudança estrutural radical, que pode transformar a Venezuela em uma sociedade sem miséria, sem exploração e sem exploração, fundada na solidariedade e não na competição, no egoísmo e na ganância.

Para além dos mecanismos de democracia representativa, o povo da Venezuela tem mostrado uma grande capacidade de mobilização e participação, construindo uma democracia participativa que legitima as transformações em curso.

Nós devemos ficar sempre atentos para que o caminho democrático participativo construído na América latina hoje não seja desviado por projetos pessoais. Toda mudança só é legitima se construída democraticamente pelo povo.

Nesta esteira é que temos de defender aguerridamente os povos e os projetos transformadores de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador. Primeiro, porque sãos povos que estão em processo de libertação, lutam com destemor contra o imperialismo e a opressão capitalista neoliberal. Segundo, porque se estes países forem sufocados, teremos que viver mais tempo com os valores da indiferença pelo ser humano que hoje domina as sociedades e ameaça o planeta.

Belo Horizonte, 14/11/2007.

Adital -
*Por:- Frei Gilvander Luís Moreira, mestre em Exegese Bíblica e assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina, e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br- Delze dos Santos Laureano, professora de Direito Constitucional e Direito Agrário, membro da RENAP - Rede Nacional de Advogados Populares, e-mail: delzesantos@hotmail.com - Dr. José Luiz Quadros de Magalhães, professor de Direito Constitucional da UFMG,e-mail: ceede@uol.com.br

Frei Pilato Pereira: "Chaves, não se cale!"

A simbólica frase do rei da Espanha dirigida a Hugo Chávez, é para todos os povos da América Latina. Nossos opressores não perderam a arrogância, não reconhecem plenamente nossa liberdade e soberania. Ainda guardam, em seu ímpeto, o desejo de nos governar. Por isso, é bom que Chávez não se cale.

por Frei Pilato Pereira*

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não apenas por ideologia, mas também pelo estilo de ser, agrada alguns e desagrada a outros. Até mesmo quem comunga com seus ideais pode não gostar de seu modo falador, por exemplo, que o coloca sempre em evidência. Mas, muitos gostam de seu estilo falante, às vezes debochado. Outros, porém, apreciam apenas de seus ideais e existe também quem o repudia por completo. Falar exageradamente muito, é uma característica do Presidente Chávez, é seu jeito de ser.

E quem fala muito, mesmo que sejam palavras sérias e importantes, pode provocar desconforto e chatice. Enfim esta é uma questão pessoal do Hugo Chávez, ele gosta de falar e não perde tempo. Mas não foi por isso que o Rei da Espanha, Juan Carlos, o mandou calar a boca durante a última reunião da Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile, quando fazia algumas críticas ao ex-primeiro-ministro espanhol. Por traz do fato ocorrido existe algo mais. Ora, o rei da Espanha mandar calar a boca de um presidente eleito pelo povo de um país que foi sua colônia, mas que conquistou a liberdade e que agora é uma nação livre e soberana. O que significa isso?

Quase todo este vasto continente era colônia da Espanha e tudo estaria sob o jugo do rei espanhol. Em tempos idos, ele poderia mandar calar boca de quem quer que fosse. Mas agora, as coisas mudaram. O rei só tem prestígio, mas pensa que tem poder absoluto. O rei da Espanha ainda não aprendeu a se comportar de acordo com os acontecimentos da história. Ele não é mais o imperador da América Latina. Não há mais colônia espanhola por essas bandas. Ora o rei esqueceu que deste povo latino americano nasceram José Martí, Simon Bolívar, Che Guevara e outros compatriotas da Pátria Grande que encorajaram o povo a querer e lutar pela liberdade e não aceitar mais a opressão.

As terras de muitos povos indígenas aqui existentes foram invadidas por opressores europeus que foram terrivelmente cruéis, assassinos e não tiveram piedade de nada nem de ninguém. Dizimaram povos e soterram cidades, empreendimentos e organizações. Mas, desta terra latino-americana brotaram vozes de vida e liberdade que vem mudando os rumos da nossa história. Passaram 500 anos de "cale a boca". Mas tem gente que não aceita isto. O fato do rei da Espanha mandar que se cale a boca de Hugo Chávez, presidente eleito democraticamente pelo povo da Venezuela, deve ser bem refletido por todos nós, latino-americanos.

Este episódio demonstra que eles ainda têm vontade de nos mandar calar a boca. Vamos ficar atentos. Dizem que o rei é uma figura simbólica, pois o poder político pertence ao primeiro-ministro. Pode também ser simbólica a palavra do rei. Tal simbologia representa a gana de nos calar. A simbólica frase do rei da Espanha dirigida a Hugo Chávez, é para todos os povos da América Latina. Nossos opressores não perderam a arrogância, não reconhecem plenamente nossa liberdade e soberania. Ainda guardam, em seu ímpeto, o desejo de nos governar. Por isso, é bom que Chávez não se cale. Ou o rei da Espanha e outros vão ter que ouvir os gritos das pedras.

Frei Pilato Pereira é frade capuchinho.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

IPCC alerta sobre os impactos da mudança climática

Saiu, finalmente, o último relatório de mudanças climáticas do IPCC. Veja o resumo, na matéria da France Press, reproduzida no Correio Braziliense:

IPCC alerta sobre os impactos irreversíveis da mudança climática

As conseqüências da mudança climática poderão ser irreversíveis, advertem os especialistas do IPCC que divulgaram nesta sexta-feira, em Valência, o resumo de um informe destinado aos dirigentes do planeta.

"A mudança climática antrópica (causada pelo homem) e suas conseqüências podem ser repentinas e irreversíveis", afirma o texto feito pelos delegados do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC, por suas siglas em inglês) "para os que decidem". O resumo do relatório foi adotado na manhã desta sexta-feira em Valência depois de uma noite de discussões.

- A mudança do clima é inequívoca e as emissões de gases de efeito estufa, provocadas pelas atividades humanas (principalmente gás, carvão, petróleo) são responsáveis (90% de certeza) pelo aumento das temperaturas nos últimos cem anos (+0,74°C).

- A temperatura mundial deve aumentar entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor médio mais seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C. O aquecimento será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.

- O aumento da temperatura foi duas vezes mais importante no Polo Norte do que na média mundial nos últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de gelo.

- O nível dos oceanos poderá, segundo as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século em relação ao período 1980-1999.

- Os calores extremos, ondas de calor e fortes chuvas continuarão sendo mais freqüentes e os ciclones tropicais, tufões e furacões, mais intensos.

- As chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões emersas subtropicais.

PRINCIPAIS IMPACTOS:

- Inúmeros sistemas naturais já estão afetados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as regiões costeiras.

- Até 2050, a disponibilidade de água deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais úmidas, mas a seque deve se intensificar nas regiões já afetadas.

- 20 a 30% das espécies vegetais e animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.

- A produção agrícola deve aumentar levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a 2°C.

- Milhões de pessoas se verão afetadas pela má nutrição, as enfermidades ligadas às ondas de calor, as inundações, as secas, as tempestades e os incêndios.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Venezuela: A hora de cada um

Quem conhece a Venezuela, sabe ser impossível que a desarticulada oposição reúna manifestações maiores que as do governo. Os morros que circundam Caracas, por exemplo, são quase que cem por cento chavistas. Eles abrigam uns 80% da população caraquenha. Quem tiver alguma dúvida, pergunte a quem mora na capital Venezuelana - e que diga a verdade, claro, porque, se perguntar a um anti-Chavista hidrófobo, ele dirá que 110% dos caraquenhos são contrários a Chávez.

A manipulação da mídia em torno da situação política na Venezuela já se tornou caso de polícia. Como é que pode, num país supostamente democrático, os meios de comunicação mentirem tanto?

Quem se informa por veículos como Globo, Folha etc, está sendo lesado. Estão vendendo a essas pessoas a idéia de que a sociedade venezuelana vive sob uma ditadura. Reproduzem as manifestações minguadas da oposição inflando-as através da manipulação de fatos e fotos.

O Luiz Carlos Azenha ( viomundo.globo.com ) vem produzindo matérias fantásticas sobre a Venezuela; vejam, abaixo, as fotos das manifestações pró e contra Chávez que ele publicou em seu site

Pró-Chávez

Contra Chávez

A pior mentira, é a seguinte: falam que a Venezuela é "ditadura", mas o que querem, os manifestantes da oposição, é impedir que o povo venezuelano vote se aceita ou não a nova constituição. Falam de democracia, mas querem impedir que ela funcione. O argumento? O de sempre, claro: "o povo não sabe votar".

Outra grave mentira da mídia, é a seguinte: estão dizendo que Chávez mandou disparar contra os manifestantes da oposição. Fizeram a mesma coisa em 2002, pouco antes do golpe de Estado que tirou o presidente do poder por dois dias.

Em 2002, as tevês brasileiras fartaram-se de reproduzir um vídeo em que militantes chavistas disparavam por cima de uma mureta. Como houve mortos no enfrentamento entre governo e oposição, as hostes oposicionistas marcharam para o Palácio presidencial de Miraflores acusando Chávez de ter mandado franco-atiradores matarem opositores nas ruas.

Quem viu o documentário "The Revolution will not be televised" (A Revolução não será televisionada), viu que o chavista que aparecia atirando estava reagindo contra tiros vindos não se sabe de onde. Quando a câmera mira na direção em que os chavistas atiravam, vê-se que não havia gente naquela direção, porque quem atirava nos chavistas estava escondido.

É impressionante como agora tentam fazer a mesma coisa. Usam uma fórmula que já não funcionou. Só que essa fórmula de acusar Chávez de mandar seus partidários atirarem contra o povo, foi o que provocou a tentativa de golpe de Estado de 2002. Para mim, sonham criar clima para outro golpe que possa dar certo...

sábado, 10 de novembro de 2007

Petrobras é a 5ª entre maiores empresas do continente



A forte alta registrada pelas ações da Petrobras na quinta-feira (8), após o anúncio da descoberta de uma gigantesca reserva de petróleo e gás, elevou a companhia à condição de quinta maior em valor de mercado entre as empresas de capital aberto de toda a América e à primeira da América Latina.


Segundo cálculos divulgados nesta sexta-feira (9) pela empresa de consultoria Economática, o valor de mercado da Petrobras no fechamento da quinta (8) chegou a US$ 221,9 bilhões, fazendo com que a empresa saltasse do nono para o quinto lugar entre as empresas mais valiosas da América.

A estrela de Estela cresce


Revista Época


As rugas de Dilma Rousseff são aquele algo a mais que transmite credibilidade. Mesmo aquelas verticais, entre as sobrancelhas, franzidas quando a ministra anunciou o novo megacampo de petróleo. Em vez de Botox, muita expressão. Em vez de retórica inflamada, um discurso técnico, com o carisma de quem conhece o tema e a causa. Foi Dilma, com seu tailleur lilás, o penteado sóbrio de sempre, os óculos sem aro e um par de brincos discretos, a escolhida pelo presidente Lula para dar as boas-novas. Não foi o ministro de Minas e Energia. Nem o presidente da Petrobras. É só ver e ouvir Dilma na televisão para entender o acerto da escolha de Lula.


A esta altura, não importa por que a ministra-chefe da Casa Civil está sendo empurrada pelo presidente para os holofotes. A explicação mais óbvia é que Lula deseja lançá-la como sua candidata à sucessão. Seria Lula o arauto do Tupi. Mas o presidente ergueu ao palco seu soldado mais eficiente. Aquele com quem mais tempo passa diariamente, entre os 37 ministros. O que trabalha 13 horas por dia. E o que fala melhor.


Dilma estudou em colégio de freiras, o Sion, e diz que se tornou “subversiva” na escola pública. Aos 19 anos, virou guerrilheira em grupos clandestinos de esquerda. Era magrinha, alta, usava jeans e camiseta branca. Um estilo meio Heloísa Helena. Rosto bonito, por trás dos óculos de lentes grossas. Dilma foi expulsa da faculdade de Economia por sua atuação política, e caiu na clandestinidade. Seu codinome mais famoso era Estela. Foi presa em janeiro de 1970, e torturada durante 22 dias com choques elétricos. Após três anos de prisão, mudou-se para Porto Alegre. Casou e teve uma filha. Entrou no PDT. Foi secretária de Energia em governo petista. Hoje, na casa oficial do Lago Sul, em Brasília, vive só com um labrador preto, o Nego. Suas paixões são ópera, tragédias gregas e cultura oriental.


É chamada de durona, mandona, chata. Obsessiva com horários e cumprimento de tarefas. No Orkut, uma comunidade a odeia, e outra a quer na Presidência. “Dilma entende pra caramba de petróleo e energia. Foi escolhida para anunciar as novas reservas porque só ela daria a densidade exata ao que está em jogo, a criação de um novo modelo de licitação, uma nova matriz”, diz um assessor do presidente Lula. “É como se a Petrobras tivesse descoberto um parque de Ferraris embaixo de um parque de Fuscas.” Era preciso um tom sem ufanismo. A fala deveria transmitir prudência, convicção e confiança. Quem melhor do que a Dilma? Com suas rugas de expressão preservadas, uma mulher competente sem rosto de plástico. Apenas o colar com pingente de borboleta traía seu costumeiro e clássico fio de pérolas.


Para a estrela de Estela continuar subindo, Dilma precisa driblar uma armadilha. Ela é gerente-geral do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma e o PAC são as atuais meninas-dos-olhos de Lula. Mas, dos R$ 15,2 bilhões previstos em obras neste ano, menos de um terço foi liberado e executado. A burocracia está segurando muito dinheiro na Caixa. O PAC, por enquanto, não passa de um paquiderme.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Terceiro mandato de Lula seria contraditório com seu projeto

Mino Carta escreve:

Alguns companheiros de navegação gostariam que me manifestasse a respeito de iniciativas tomadas por petistas variados a favor do terceiro mandato do presidente Lula. Digo, de saída, que o Lula da minha memória, remota e recentíssima, não cogita de mais um mandato. No meu entendimento atual, Lula pretende passar à história como grande mediador entre minoria e maioria, entre ricos e pobres, entre norte e sul, em benefício da consolidação da nossa incipiente democracia. Não entro no mérito deste que seria seu projeto, mas é assim que encaro a presente atuação do presidente. Como sabemos, a conciliação, no Brasil, sempre foi a das elites. A tradição não muda pelos caminhos da moderação, e sim por meio da pressão popular, que por ora falta. De todo modo, a busca do terceiro mandato seria contraditória demais em relação ao plano. E vou contar um episódio recente. Na festa de CartaCapital, segunda 29 passada, como de hábito me coube dar as boas-vindas aos convidados. Lula voara para Zurique e se fazia representar pelo presidente em exercício, Arlindo Chinaglia, secundado pelo ministro Franklin Martins. Ao alcance do microfone, da tribuna permito-me falar da revista, da pesquisa da InterScience destinada a premiar as empresas mais admiradas no Brasil, com leves toques sobre a situação política. Ao encerrar a fala, disse da minha convicção de que Lula fará seu sucessor em 2010, pedi aos deuses gregos que o iluminassem na hora de escolher seu candidato e, enfim, sem decliná-lo, afirmei ter um nome em mente. Quando voltei ao meu lugar, ao lado de Chinaglia, ele sussurrou: “Não seria o nome de uma senhora?” Anuí, embora sem pronunciá-lo: Dilma Roussef.
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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Os 62% e Tropa de Elite

Se a pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas estiver correta, 62% dos usuários de drogas pertencem à classe A - renda familiar superior a 25 salários mínimos/mês (9,5 mil reais) - e 85% são de cor branca.

Intitulado "Estado da Juventude, Drogas, Prisões e Acidentes", a pesquisa foi feita com base em um estudo do IBGE, de 2003, e revelou ainda que o consumo de drogas atinge principalmente os jovens: 50,7% dos consumidores declarados de drogas no Brasil têm idade entre 20 e 29 anos.

Se assim for, Padilha está correto. O filme por ele dirigido, Tropa de Elite, foca a questão da violência sob o ângulo policial e levanta a parcela de culpa do usuário de drogas, no complexo mundo do tráfico. No filme, quem aparece como os grandes usuários são as classes média e alta do Rio de Janeiro.

Padilha fez um golaço: levantou a polêmica, ampliou o debate e fez as classes média e alta saírem mais preocupadas do cinema. A pesquisa da FGV só veio reforçar a visão do filme. Os usuários, em sua maioria, são ricos, brancos e jovens. Uma boa parte está na universidade: 30 por cento dos consumidores.
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ONU aprova resolução contra bloqueio de Cuba

A Assembléia Geral da ONU aprovou, ontem, quase por unanimidade, uma resolução...
A Assembléia Geral da ONU aprovou, ontem, quase por unanimidade, uma resolução que condena o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba que já dura 45 anos. A resolução, intitulada “Necessidade de por fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba”, foi aprovada por 184 votos a favor e quatro contra (dos EUA, Israel, Ilhas Mar-shall e Palau, na Oceania). A Micronésia se absteve.

Esta é a décima sexta vez consecutiva que a Assembléia Geral da ONU condena o criminoso bloqueio dos Estados Unidos a Cuba e foi a maior votação contra o bloqueio desde 1992. www.zedirceu.com.br

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O rolo do Rolex

Por Zeca Baleiro

No início do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal (Folha de S.Paulo), entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então.

Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação.

Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal. Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime.

Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração.

E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas.

Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]".

A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio -desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático.Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso.

Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida.Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate.

Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só - uma luta de classes cruel e sem fim.

Texto na Folha de S.Paulo de hoje, seção Tendências/Debates
JOSÉ DE RIBAMAR COELHO SANTOS, 41, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense. Tem sete discos lançados, entre eles, "Pet Shop Mundo Cão".

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Quem não quer a CPMF

. Quem não quer a CPMF já quis: os tucanos inventaram a CPMF.

. Quem não quer a CPMF são aqueles que querem fazer o “desmanche” do Estado (*) e de suas políticas sociais.

. Quem não quer a CPMF é quem não aceita que a saúde do brasileiro melhorou – por causa do dinheiro da CPMF.

. Quem não quer a CPMF não se conforma com a última Pesquisa de Amostra Domiciliar, PNAD, do IBGE, que mostrou que a renda da metade inferior da pirâmide de renda cresce mais que a metade superior.

. Quem não quer a CPMF é quem não se conforma com a idéia de que, segundo a PNAD, a desigualdade de renda – o índice de Gini – melhorou.

. Quem não quer a CPMF é quem acha que o mercado é mais eficiente para dar hospital e escola.

. Quem não quer a CPMF quer o “Caixa Dois”, porque a CPMF é o melhor imposto para “flagrar” o “Caixa Dois”.

. Quem não quer a CPMF quer matar o Governo Lula de fome e impedir que ele faça o sucessor.

. Quem não quer a CPMF não quer que o PAC vá para a frente, porque, para manter os investimentos sociais, sem a CPMF, será preciso cancelar obras do PAC.

. Quem não quer a CPMF quer “starve the beast” – “fazer a besta morrer de fome” (*2)–, o grito de guerra dos neoliberais: tirar recursos do Estado até ele morrer de inanição.

. Quem não quer a CPMF é o pessoal que quer ficar rico com “other people’s money” – o dinheiro dos outros –, a forma clássica de a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo) brasileira “administrar” o Estado.

. Quem não quer a CPMF quer que as favelas do Rio desapareçam do mapa, jogadas no Rio da Guarda, e não aceitam que, sob inspiração de Leonel Brizola, as favelas se transformem em bairros – sem violência, sem tráfico, e com serviços sociais.

. Quem não quer a CPMF gostaria de nomear o Coronel Ustra diretor-geral da Polícia Federal, para só prender “preto, pobre e p...”

. Quem não quer a CPMF toma café da manhã na pracinha e lê a revista Veja, todo domingo.

(*) Sobre o “desmanche” do Estado, recomendo a leitura de “O Ex-Leviatã Brasileiro”, de Wanderley Guilherme dos Santos, Editora Civilização Brasileira, 2006: “Em nome de sua modernização e de melhor desempenho na economia globalizada, o poder executivo teve 30% de seus quadros eliminados em sete anos (de 1995 a 2002), talvez a maior leva de demissões da história da administração pública em nação sem passado socialista.”

(*2) Sobre a Teologia do Neoliberalismo, aqui imposta pelo Governo do Farol de Alexandria, à semelhança de Salinas no México; Fujimori no Peru; e Menem na Argentina, recomendo a leitura de “A Brief History of Neoliberalism”, de David Harvey, Oxford University Press, 2005. Harvey lembra que a Teologia do Neoliberalismo começou no Chile de Pinochet dos “Chicago Boys”, e depois se “globalizou” com a aliança Thatcher-Reagan. Harvey demonstra que a Teologia Neoliberal nasceu como resposta ao aumento da renda da metade inferior da pirâmide de renda, com as políticas sociais do Pós Guerra. Portanto, o santo padroeiro de quem não quer a CPMF é Augusto Pinochet.

Paulo Henrique Amorim conversa-afiada.ig.com.br

Martinho da Vila fala sobre Lula. E fala bonito

O senhor do samba Martinho da Vila, aqui na Revista Caros Amigos.
Em um trecho da entrevista ele diz:
Vinícius Souto – O senhor acompanha o governo Lula?

MARTINHO DA VILA: "O Lula é um governo que vai ficar para a história, porque o brasileiro fez uma revolução pelo voto. Botou um trabalhador no governo, com tendência esquerdista.
Todos achavam que seria uma confusão e não é.
Falavam que era um analfabeto, o Lula tem pouca escolaridade, mas é mais culto que nós todos aqui.Dispõe de uma cultura política que não é mole não, muitos anos de campanha, de vivência.Às vezes fala de mercado internacional sem pegar papel, fala do problema do Japão, da Índia, tem muita informação.
O que é cultura? Cultura é muita informação, não escolaridade.Um cara que é um médico famoso, é sumidade naquilo, no geral fica fora.
Há outros fatos, o Lula priorizou nesse período a diminuição da pobreza, a classe média sofreu um pouco mais.
Outra coisa, por exemplo, é a primeira vez que tivemos ministros negros, mulheres mandando: Benedita, Matilde Ribeiro, Gilberto Gil, Orlando Silva dos esportes, Marina Silva, o ministro do Supremo etc.
Nunca houve na história do Brasil, é um espelho, isso é importante.
Antigamente, quando se tinha um filho, falava-se “esse aqui pode ser qualquer coisa”, mas nunca podia imaginar que poderia ser presidente da República.Qualquer trabalhador pode sonhar hoje. "

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

40 anos da morte de Che Guevara

Há 40 anos, no dia 9 de outubro, morria o comandante Che Guevara. Tombou no seu posto de combate pela libertação econômica, política e social da América Latina.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Os novos antropófagos - Artistas da periferia de São Paulo lançam sua própria Semana de Arte Moderna

Manifesto da Antropofagia Periférica

A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.

A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.

Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão.

Das Artes Plásticas, que, de concreto, querem substituir os barracos de madeira.

Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.
Da Música que não embala os adormecidos.
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades.
Um artista a serviço da comunidade, do país. Que, armado da verdade, por si só exercita a revolução.
Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”.
Contra os carrascos e as vítimas do sistema.
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

É TUDO NOSSO!
Sérgio Vaz
Poeta da Periferia

Leiam excelente matéria publicada na revista Época sobre a literatura produzida na e pela periferia! Lindo! Exuberante!
Clique aqui para ler.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

DEM o mais corrupto do Brasil

O DEM (ex-PFL) é o partido campeão de cassações por corrupção nos últimos sete anos, segundo estudo feito pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que conta com o apoio de entidades de representação da sociedade civil e organizações sociais e religiosas.

O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (4) e contabiliza 623 cassações de mandatos políticos do ano 2000 até 9 de setembro de 2007, englobando quatro eleições, sendo todos os casos relativos a acusações de corrupção.Nesse número, não estão incluídos políticos que perderam cargos em virtude de condenações criminais. Do total de 623 cassações registradas, quatro são de governadores e vice-governadores, seis são senadores e suplentes, oito deputados federais, 13 deputados, estaduais, 508 prefeitos e vice-prefeitos, além de 84 vereadores.

O ranking é liderado pelo Democratas, com 69 casos, ou 20,4% do total. Em segundo lugar aparece o PMDB, com 66 casos, ou 19,5%, enquanto o PSDB aparece em terceiro lugar, com 58 ocorrências, ou 17,1% dos casos. O PP aparece em quarto lugar, com 26 casos, ou 7,7% do total, seguido pelo PTB (24 casos, ou 7,1%) e PDT (23 ocorrências, ou 6,8%). O PT aparece em décimo lugar, com 10 casos, ou 2,9%.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007


Protestos contra a revista VEJA

Dezenas de jovens se reuniram em frente à sede da Editora Abril na capital paulista, nesta terça-feira (02) para protestar contra a matéria da capa da Revista Veja “Che, a Farsa do Herói”. Cantando palavras de ordem como “Esse Panfleto, Ninguém Respeita: Revista Veja é Partido da Direita”, os manifestantes queimaram mais de 60 exemplares antigos da revista.(do Portal Vermelho)

Big Brother lidera o 13º Ranking da Baixaria na TV

A coordenação da campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania" divulgou ontem o 13º Ranking da Baixaria na TV, que analisa os programas televisivos que receberam maior número de reclamações. O campeão de denúncias foi o Big Brother Brasil 7, da Rede Globo, em razão de reclamações que incluem a exposição de pessoas ao ridículo, discriminação, vocabulário inadequado e apelo sexual.Em segundo lugar, vem o programa Pra Valer, da Rede Bandeirantes, que recebeu muitas das reclamações, a maioria por incitar a discriminação religiosa e a violência contra animais. A novela Pé na Jaca (Rede Globo) ficou em terceiro lugar no ranking da baixaria, seguido pelo programa A Tarde é Sua (Rede TV). Em quinto lugar, figurou outra novela Paraíso Tropical, da Globo.

A campanha foi lançada em novembro de 2002 e já registrou um total de 31.875 denúncias, sendo que, de janeiro a agosto deste ano, foram contabilizadas aproximadamente 2 mil reclamações de telespectadores insatisfeitos com a qualidade e a falta de ética da programação televisiva, além do desrespeito aos direitos humanos. As denúncias foram analisadas pelo Comitê de Acompanhamento da Programação, formado por representantes das mais de 60 entidades que assessoram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara na campanha.O presidente da comissão, deputado Luiz Couto (PT-PB), destacou que a sociedade brasileira "quer dar um basta" à baixaria. "Os resultados mostram que a campanha é muito importante para o país. A população não aceita mais cenas de sexo, desonestidades e incitação à violência", afirmou.


Segundo Luiz Couto, a população está atenta à programação da televisão. "Ela quer programas de qualidade. Quer programas que tragam o reforço a valores como honestidade, liberdade, paz, justiça e dignidade do ser humano. Isso prova que a própria campanha vai levando as pessoas a perceber que é preciso combater esse tipo de programa. Afinal de contas, somos nós que estamos financiando", disse.Couto defendeu ainda a necessidade de classificação indicativa dos programas de televisão. "É preciso ter algum critério. Não podemos aceitar que um programa como o Big Brother, que em Brasília passa às 21h, passe no Acre às 19h. É preciso ter adequação do horário de acordo com o fuso horário", disse.


Para o presidente da comissão, a TV Pública, anunciada pelo governo federal, deve provocar a elevação da qualidade da programação. "Será um elemento de confronto. E isso explica a reação da mídia privada, que não quer um sistema público de comunicação", afirmou.


O que é:
A campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania" tem como um de seus principais instrumentos de atuação a divulgação do ranking dos programas que receberam maior número de reclamações, fazendo assim ecoar a voz da opinião pública que é decisiva para provocar mudanças na programação televisiva.A décima terceira sistematização dos programas mais denunciados estão disponíveis no site www.eticanatv.org.br. (jorgecorrea-correando.blogspot.com)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Para ler e meditar

Leiam um trecho da entrevista de Mano Brown no Roda Vida...

Leiam um trecho da entrevista de Mano Brown no Roda Vida na TV Cultura de São Paulo, na segunda feira. Para ler e meditar:

“É... eu gosto do Lula. Sou eleitor do Lula. Apóio o Lula e falo bem do Lula em qualquer lugar. E não, não espero benefícios por isso. Não conto com nenhum benefício vindo do Lula ou de qualquer que venha do PT. Se vier, firmeza. Mas não espero por isso.

Eu acho que o Lula, ele é um cara que veio de baixo, certo. Dar a cabeça dos amigos dele para os inimigos ele não vai dar, entendeu? Ele vai esperar a justiça se fazer por conta própria e acho que ele está posicionado certo.

Acho que não é da índole dele entregar um amigo dele que deu mancada, entendeu? Ele não faz isso. Eu acho que ele sabe o que é que é isso. Ele não faz isso. Agora, ele vai deixar descobrir e se descobrir é pau no gato. É lamentável. Tá justo.

Tem bandido no Poder Legislativo, tem ladrão no judiciário, tem ladrão no executivo. Tem empresário que rouba, que bota dinheiro para fora. Cartola de futebol, até o jogador está fazendo isso. Então, a gente vive nisso há muitos anos, todo mundo sabe disso.

É muito difícil falar com um garoto pobre, preto que vive na periferia, que ele tem que ser honesto. Diante desse exemplo? Por que eu falo isso? Porque você falou que é assim, ele se espelha em quem está mais perto. Agora, o exemplo do Brasil, se a gente for ver, de modo geral, é muito maior do que está perto, tem muito ladrão no Brasil todo. Fica difícil você falar para uma criança sem pai, que passa fome e tal, que ele, se roubar, ele nunca mais vai ser honesto.

Eu chego a dizer que eu nem considero eles desonestos. Dentro da realidade das armas que eles têm para lutar, do que eles aprenderam como meio de sobrevivência eles são honestos. Eu tenho certeza que com os parceiros deles eles são honestos. Com a família deles eles são honestos. Com os manso que estão presos eles são honestos. Tá ligado? Eles são honestos com quem é honesto com eles. Entendeu?

Onde está a honestidade são valores, né? Quando você fala que um assaltante de banco é desonesto você tem que olhar para a sociedade, se a nossa sociedade é honesta. A nossa sociedade, eu costumo falar para os mano, quando a gente está conversando, que a nossa sociedade é criminosa. É omissa. Ela é cega quando quer, surda quando quer. Omissão é crime, né? Não é? Então, acho que se você for categoria de criminosos, entendeu? Tá todo mundo na mesma, na igual. A lei não é para todo mundo, nunca vai ser para todo mundo. Nunca vai ser para todo mundo."
www.zedirceu.com.br/

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Deu na BBC Brasil

Os estrategistas das empresas multinacionais estão cada vez mais seduzidos pelo Brasil, o que levou a uma entrada recorde de US$ 35 bilhões em investimentos externos diretos no último ano, afirma reportagem publicada nesta terça-feira pelo diário econômico francês Les Echos.

“O crescimento econômico conseguido graças ao dinamismo do mercado doméstico e as boas perspectivas de desenvolvimento explicam esse renovado interesse”, observa o jornal.

Segundo a reportagem, a nova onda de investimentos estrangeiros no Brasil está ao nível da verificada durante a fase de grandes privatizações vivida no fim dos anos 1990.“Durante os primeiros oito meses do ano, os dados oficiais indicam um aumento de 160% nesses investimentos”, informa o jornal.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mineiros deixam as pequenas cidades

População do estado cresce 5,4%, em sete anos, mas 371 municípios com menos de 170 mil pessoas perdem moradores. Migração e queda na taxa de fecundidade são as causas.

A população de Minas Gerais cresceu pelo menos 5,4% em sete anos: passou de 17.891.494 pessoas, em 2000, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) fez o último censo, para 18.865.785 habitantes em 2007. São 974,3 mil a mais, mas esse aumento não ocorreu em todas as 853 cidades: o número de moradores encolheu em 371 municípios.

As duas cidades que estão no topo e no fim da tabela são do Centro-Oeste de Minas. Na última posição está a pequena Tapiraí, a 266 quilômetros de Belo Horizonte, cujo carro-chefe da economia é a agropecuária, o que justifica a população rural de 40,3%.

“Entre 1991 e 2000, a taxa de crescimento (populacional) do Brasil foi de 1,6% ao ano. Em Minas, de 2000 a 2007, ficou em 1,12%. Isso se deve à queda na taxa de fecundidade. Se o indicador cai, o da natalidade o acompanha. Assim, o crescimento vegetativo diminui”.

O principal reflexo do êxodo é a redução da população em alguns municípios e o aumento em outros, como ocorreu com Nova Serrana, a 120 quilômetros da capital e com IDH de 0,801. A cidade lidera o ranking da taxa média geométrica anual no estado, com indicador de 5,68. Boa parte desse número se deve aos migrantes, que ajudaram o local a registrar uma explosão demográfica nos últimos sete anos, quando a população aumentou de 37,5 mil para 55,15 mil. Maioria dos novos moradores de Nova Serrana foi atrás de emprego.
Fonte: Estado de Minas

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Estudante de escola pública tem melhor desempenho nas federais

Alunos de universidades federais que vieram de escolas públicas se saem melhor que seus colegas egressos do ensino médio particular na maioria das áreas avaliadas pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Esse resultado aparece em 53,75% dos cursos na avaliação que substituiu o antigo Provão, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (Inep/MEC).

sábado, 15 de setembro de 2007

Uma Revolução Social no Brasil

Tudo melhorando no país. É o que mostra um dos mais completos retratos do Brasil, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE.
Os dados, mostrando que o Brasil mudou muito, são impressionantes. E vai mudar mais. É o resultado da política correta do Governo do Presidente Lula.

. Veja um resumo da PNAD, na comparação de 2006 com 2005:
. o rendimento cresceu 7% e é de R$ 883.
. causa principal: o aumento do salário mínimo de 13% em 2006 (não foi o Bolsa Família o maior responsável).
. melhorou a distribuição de renda.
. aumentou a renda do Nordeste.
. aumentou a renda das mulheres.
. aumentou a renda dos 50% mais pobres.
. a percentagem dos mais pobres no conjunto da renda aumentou.
. aumentou o número de pessoas ocupadas: mais 2 milhões de pessoas em 2006.
. 1/3 dos trabalhadores ocupados têm 11 anos de estudo.
. de cada cinco vagas de trabalho, 3 são com carteira assinada.
. aumentou a arrecadação da Previdência.
. aumentou o número de trabalhadores sindicalizados.
. 97,6% das crianças brasileiras entre 7 e 14 anos de idade estão na escola.
. 32% dos jovens entre 18 e 24 anos estão na escola.
. aumentou em 13% o número de jovens no ensino superior.
. no Nordeste esse crescimento foi mais intenso.
. a população vive mais.
. a taxa de fecundidade da mulher é 2,0 - ou seja, garante apenas a reposição
. os brancos são 49,7% da população - pardos e negros são a maioria.
. aumentou o número de domicílios com água potável, esgoto e coleta de lixo
. aumentou o numero de domicílios com telefone.
. entre 2001 e 2006 dobrou o número de domicílios com computador.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Manifesto dos Sem-Mídia

Vivemos um tempo em que a informação se tornou tão vital para o homem que passou a integrar o arcabouço de seus direitos fundamentais. Defender a boa qualidade da informação, pois, é defender um dos mais importantes direitos fundamentais do homem. É por isso que estamos aqui hoje.

No transcurso do século XX, novas tecnologias geraram o que se convencionou chamar de mídia, isto é, o conjunto de meios de comunicação em suas variadas manifestações, tais como a secular imprensa escrita, o rádio, o cinema, a televisão e, mais recentemente, a internet. Essa mídia, por suas características intrínsecas e por suas ações extrínsecas, tornou-se componente fundamental da estrutura social, formada que é por meios de comunicação de massa.

Em todas as partes do mundo - mas, sobretudo, em países continentais como o nosso -, quem tem como falar para as massas controla um poder que, vigendo a democracia, equipara-se aos Poderes constituídos da República. E, vez por outra, até os suplanta. Essa realidade pode ser constatada pela simples análise da história de regiões como a América Latina, em que o poder dos meios de comunicação logrou eleger e derrubar governos, aprovar leis ou impedir sua aprovação, bem como moldar costumes e valores das sociedades. Contudo, há fartura de provas de que, freqüentemente, esse descomunal poder não foi usado em benefício da maioria.

Não se nega, de maneira alguma, que as mídias, sobretudo a imprensa escrita, foram bem usadas em momentos-chave da história, como nos estertores da ditadura militar brasileira, quando a pressão (tardia) de parte dessa imprensa ajudou a pôr fim à opressão de nossa sociedade pelo regime dos generais. Todavia, é impossível ignorar que a ditadura foi imposta ao país graças, também, à mesma imprensa que hoje vocifera seus neo pendores democráticos, nascidos depois que sua recusa pretérita de aceitar governos eleitos legitimamente atirou o país naquela ditadura de mais de vinte anos.

O lado perverso da mídia também se deve, por contraditório que possa parecer, à sua natureza privada, uma natureza que também é - ou deveria ser - uma de suas virtudes. Nas mãos do Estado, a mídia seria uma aberração, mas quando é pautada exclusivamente por interesses privados, seu lado obscuro emerge tanto quanto ocorreria na primeira hipótese, pois um poder dessa magnitude acaba sendo usado por diminutos grupos de interesse. Nas duas situações, quem sai perdendo é a coletividade, pois o interesse de poucos acaba se sobrepondo ao de todos.

A submissão da mídia ao poder do dinheiro é um fato, não uma suposição. Os meios de comunicação privados nada mais são do que empresas que visam lucro e, como tais, sujeitam-se a interesses que, em grande parte das vezes, não são os da coletividade, mas os de grandes e poderosos grupos econômicos. Estes, pelo poder que têm de remunerar o “idealismo” que lhes convêm, cada vez mais vão fazendo surgir jornalistas dispostos a produzir o que os patrões requerem, e o que requerem, via de regra, é o mesmo que aqueles grupos econômicos, o que deixa a sociedade desprotegida diante da voracidade daqueles que podem (?) esmagar divergências simplesmente ignorando-as.

É nesse ponto que jornalistas e seus patrões contraem uma união estável com facções políticas e ideológicas que não passam de braços dos interesses da iniciativa privada, dos grandes capitais nacionais e transnacionais, do topo da pirâmide social. E a maioria da sociedade fica órfã, indefesa diante do poder dos de cima de alardearem seus pontos de vista como se falassem em nome de todos.

Agora mesmo, na crise que vive o Senado Federal, vemos os meios de comunicação alardearem uma suposta "indignação nacional" com o presidente daquela Casa. Esses meios dizem que essa indignação é "da opinião pública", apesar de que a maioria dos brasileiros certamente está pouco se lixando para a queda de braço entre o presidente do Congresso e a mídia. Nesse processo, a "indignação" de meia dúzia de barões da mídia é apresentada como se fosse a "da opinião pública".

O poder que a mídia tem - ou pensa que tem - é tão grande, que ela ousa insultar a ampla maioria dos brasileiros, maioria que elegeu o atual governo. A mídia insulta a maioria dizendo que esta tomou a decisão eleitoral que tomou porque é composta por "ignorantes" que se vendem por "bolsas-esmola". Retoma, assim, os fundamentos do voto censitário, que vigeu no alvorecer da República, quando, para votar, o cidadão precisava ter um determinado nível de renda e de instrução. E o pior, é que a teoria midiática para explicar por que a maioria da sociedade não acompanhou a decisão eleitoral dos barões da mídia, esconde a existência de cidadãos como estes que aqui estão, que não pertencem a partidos, não recebem "bolsas-esmola" e que, assim mesmo, não aceitam que a mídia tente paralisar um governo eleito por maioria tão expressiva criando crises depois de crises.

É óbvio que a mídia sempre dirá que suas tendências e pontos de vista coincidem com o melhor interesse do conjunto da sociedade. Dirá isso através da confortável premissa (para os beneficiários preferenciais do status quo vigente) de que as dores que a prevalência dos interesses dos estratos superiores da pirâmide social causa aos estratos inferiores, permitirão a estes, algum dia, ingressarem no jardim das delícias daqueles. É a boa e velha teoria do “bolo” que precisa primeiro crescer para depois ser dividido.

Os meios de comunicação sempre tomaram partido nos embates políticos. Demonizam políticos e partidos que grupos de interesses políticos e econômicos desaprovam e, quando não endeusam, protegem os políticos que aqueles grupos aprovam. Isso está acontecendo hoje em relação ao governo federal e à sua base de apoio parlamentar, por um lado, e em relação à oposição a esse governo e a seus governos estaduais e municipais, por outro. Resumindo: a mídia ataca o governo central em benefício de seus opositores.

Os meios de comunicação se defendem dizendo que atacam o governo central também porque ele nada faz de diferente - ou de melhor - do que fazia a facção política que governava antes, e diz, ainda por cima, que o atual governo produz "mais corrupção". Alguns veículos, mais ousados, acrescentam que os que hoje governam favorecem mais o capital do que seus antecessores. Outros veículos, mais dissimulados, ainda adotam um discurso quase socialista ao criticarem os lucros dos bancos e o cumprimento dos contratos que o governo garante. A mídia chega a fazer crer que apoiaria esse governo se ele fizesse despencar a lucratividade do sistema bancário e se rompesse contratos. Faz isso em contraposição ao que dizia dos políticos que agora estão no poder, porém no tempo em que estavam na oposição, ou seja, dizia que não poderiam chegar ao poder porque, lá chegando, descumpririam contratos e prejudicariam o sistema bancário...

A mídia brasileira garante que é “isenta”, que não é pautada por ideologias ou por interesses privados, e que trata os atuais governantes do país como tratou os anteriores. Não é verdade. Bastaria que nos debruçássemos sobre os jornais da época em que os que hoje se opõem ao governo federal estavam no poder e comparássemos aqueles jornais com os de hoje. Veríamos, então, como é enorme a diferença de tratamento. Nunca a oposição ao governo federal foi tão criticada pela mídia quanto na época em que os que hoje estão no governo, estavam na oposição; nunca o governo foi tão defendido pela mídia quanto era na época em que os que hoje estão na oposição, estavam no governo.

Não é preciso recorrer a registros históricos para comprovar como os pesos e medidas da mídia diferem de acordo com a facção política que ocupa o poder. Basta, por exemplo, comparar a forma como os jornais paulistas cobrem o governo do Estado de São Paulo com a forma como cobrem o governo do país.

A mesma facção política governa São Paulo há mais de uma década. Nesse período, o Estado foi tomado pelo crime organizado. A Saúde pública permanece - ou se consolida - como um verdadeiro caos, apesar das novas tecnologias e da enorme quantidade de recursos que transitam por São Paulo. A Educação pública permanece como uma das piores do país a despeito da pujança econômica paulista. Assim, começaram a eclodir desastres nunca vistos na locomotiva do Brasil que é São Paulo.

Ano passado, uma organização criminosa aterrorizou este Estado. Essa organização nasceu e se fortaleceu dentro dos presídios controlados pelo governo paulista. A Febem, destinada a recuperar jovens criminosos, consolidou-se como escola de crimes, e as prisões para adultos alcançaram o status de faculdades do crime. No início deste ano, uma rua inteira ruiu por causa de uma obra da linha quatro do metrô paulistano, administrado pelo governo paulista. Várias pessoas morreram. Foi apenas mais um entre muitos outros acidentes que ocorreram nas obras do metrô de São Paulo e a mídia não noticia nada disso, o que lhe deixa escandalosamente óbvio o intuito de proteger o grupo político que governa o Estado mais rico da Federação e que se opõe ferozmente ao governo federal.

A mídia exige CPIs para cada suspeita que a oposição levanta sobre o governo federal, mas não diz uma palavra de todos os escândalos envolvendo o governo de São Paulo. Omite-se quanto à violação dos direitos das minorias parlamentares na Assembléia Legislativa paulista, violação perpetrada pelas maiorias governistas, maiorias que nos últimos anos enterraram dezenas de pedidos de investigação do governo paulista, controlado por políticos que estão entre os que mais exigem investigações sobre o governo federal.


Seria possível passar dias escrevendo sobre tudo o que a imprensa paulista deveria cobrar do governo do Estado de São Paulo, mas não cobra. Ler um jornal impresso em São Paulo ou assistir a um telejornal produzido aqui só serve para tomar conhecimento do que faz de ruim - ou do que a mídia diz que faz de ruim - o governo federal. Dificilmente se encontra informações sobre o governo paulista, e críticas, muito menos. O desastre causado pela obra da linha quatro do metrô paulistano, por exemplo, foi coberto pela mídia, mas por pouco tempo - questão de dias. Depois, o assunto desapareceu do noticiário e nunca mais voltou. Dali em diante, a mídia passou a esconder e a impedir qualquer aprofundamento no caso, fazendo com que a sociedade permaneça sem satisfação quase nove meses depois da tragédia. Mas o "caos aéreo" não sai da mídia um só dia já há quase um ano.

Assim é com tudo que diga respeito a políticos e partidos dos quais a imprensa paulista gosta. E o mesmo se reproduz pelo país inteiro. A mídia carioca, a mídia baiana, a mídia gaúcha, as mídias de todas as partes do país fazem o mesmo que a paulista, pois todas são uma só, obedecem aos mesmos interesses, controladas que são por um número ridiculamente pequeno de famílias "tradicionais", por uma oligarquia que domina a comunicação no Brasil desde sempre.

O lado mais perverso desse processo é o de a mídia calar divergências. Cidadãos como estes que assinam este manifesto são tratados pelos grandes meios de comunicação como se não existissem. São os sem-mídia, somos nós que ora manifestamos nosso inconformismo. Muito dificilmente é dado espaço pela mídia para que quem pensa como nós possa criticar o seletivo moralismo midiático ou as facções políticas amigas dos barões da mídia. A quase totalidade dos espaços midiáticos é reservada àqueles que concordam com os grandes meios de comunicação. Jornalistas que ousam discordar, são postos na "geladeira". A mídia impõe uma censura branca ao país. Isso tem que parar.

Claro precisa ficar que os cidadãos que assinam este manifesto não pretendem, de forma alguma, calar a mídia. Os que qualificam qualquer crítica a ela como tentativa de calá-la, agem com má-fé. É o contrário, o que nos move. O que pedimos é que a mídia fale ou escreva muito mais, pois queremos que fale ou escreva tudo o que interessa a todos e não só aquilo que lhe interessa particularmente e àqueles que estão ao seu lado, pois a mídia tem lado, sim, apesar de dizer que não tem, e esse lado não é o de todos e nem, muito menos, o da maioria.

Mais do que um direito, fiscalizar governos, difundir idéias e ideologias, é obrigação da mídia. Assim sendo, os signatários deste manifesto em nada se opõem a que essa mesma mídia critique governo nenhum, facção política nenhuma, ideologia de qualquer espécie. O que nos indigna, o que nos causa engulhos, o que nos afronta a consciência, o que nos usurpa o direito de cidadãos, é a seletividade do moralismo político midiático, é o sufocamento da divergência, é o soterramento ideológico de corações e mentes.

Por tudo isso, os signatários deste manifesto, fartos de uma conduta dos meios de comunicação que viola o próprio Estado de Direito, vieram até a frente desse jornal dizer o que ele e seus congêneres teimam em ignorar. Viemos dizer que existimos, que todos têm direito de ter espaço para seus pontos de vista, pois a mídia privada também se alimenta de recursos públicos, da publicidade oficial, e, assim sendo, tem obrigação de não usar os amplos espaços de que dispõe como se deles proprietária fosse. Seu papel, seu dever é o de reproduzir os diversos matizes políticos e ideológicos, de forma que o conjunto da sociedade possa tomar suas decisões de posse de todos os fatos e matizes opinativos.

Em prol desse objetivo, hoje está sendo fundado o Movimento dos Sem-Mídia. Trata-se de um movimento que não está cansado de nada, pois mal começou a lutar pelo direito humano à informação correta, fiel, honesta e plural. Aqui, hoje, começamos a lutar pelo direito de todos os segmentos da sociedade de terem como expor suas razões, opiniões e anseios e de receberem informações em lugar desse monstrengo híbrido - gerado pela promiscuidade entre a notícia e a opinião - que a mídia afirma ser "jornalismo".

São Paulo, 15 de setembro de 2007

Renda do brasileiro cresce

Notícia publicada hoje no portal Terra.

A renda média do trabalhador brasileiro cresceu 7,2% entre 2005 e 2006 e beneficiou principalmente a metade dos brasileiros que ganham menos. Esse índice foi o maior em um ano registrado desde 1995. Na média, o trabalhador ganhava R$ 824 em 2005, enquanto em 2006 recebeu R$ 883. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), do IBGE, divulgada nesta sexta-feira.

Apesar dos avanços na renda média do trabalhador brasileiro, a diferença entre os que ganham mais e os que têm as piores remunerações ainda é infinitamente desproporcional. Enquanto 10% da população ocupada que recebe os menores salários concentrava 1% do total de rendimentos de trabalho, os 10% com os maiores ganhos ficaram com 44,4% da renda em 2006.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Brancos já são minoria no Brasil

Um estudo do Laboratório Laeser da UFRJ, com base nos dados da Pnad de 2005, mostra que a população de pretos, pardos, amarelos e indígenas no Brasil já soma 50,1%. O número de brasileiros que se declaram bancos caiu 4,5 pontos percentuais em dez anos.

O diretor do Laeser, Marcelo Paixão, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim (conversa-afiada.ig.com.br/) nesta terça-feira, dia 11, que há duas hipóteses que podem explicar esse crescimento da população de pretos, pardos, amarelos e indígenas no Brasil.

“Podem ter ocorrido dois fenômenos.

Um, o fenômeno de ordem mais estrito demográfico, uma mudança de taxa de fecundidade e mortalidade, que pode ter modificado a composição interna da população brasileira..

Mas a hipótese mais forte é a mudança de percepção por parte dos brasileiros em relação ao seu tipo físico”, disse Paixão.

Marcelo Paixão acha que a segunda hipótese é a mais provável. Segundo ele, a mudança de percepção da população pode levar a uma menor valorização de determinados atributos que antes eram considerados como muito importantes no processo de realização social e profissional.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Os valores da nossa "élite"

Flávio Aguiar
Artigo publicado originalmente no site da Agência Carta Maior:


Eu já escrevi alhures que o Brasil tem uma elite e uma "élite".

Nossa elite é formada por gente como José de Alencar, Machado de Assis, Maria Esther Bueno, Tostão, José Mindlin, Carvalho Pinto, Celso Furtado, Didi, Daiane dos Santos, Maria da Conceição Tavares, Luis Gonzaga Belluzzo, Raymundo Faoro, Antonio Candido, Chico de Oliveira, Abdias do Nascimento, Marilena Chauí, Anita Garibaldi, Sepé Tiaraju, Zumbi, Tiradentes, Maria Quitéria e por aí foi e vai por este Brasil afora e adentro.

Já a nossa "élite"... são aqueles que acham que são a nossa elite. Que detestam abrir a janela e dar com bananeiras ao invés de pinus eliótis. No máximo temos aqueles pinheiros recurvos e tronchos, em forma de taça. Detestam sair à rua e encontrar nosso povo com cara de povo e não uma paisagem de calendário impresso na Suíça.

Mas enfim, é a "élite" que temos.

Assim, imaginei alguns mandamentos para quem queria nela entrar.

1. Use frases como: "se este fosse um país minimamente sério...", "se este fosse um país civilizado...".

2. Não fale alto, mas esteja convencido de que você deve adorar transporte coletivo - na Europa, é claro.
Porque aqui, quanto mais espaço pra carrão importado e menos pra corredor de ônibus, melhor.

3. Despreze tudo o que for nacional. E adore tomar vinho europeu de quinta categoria pagando os tubos na seção de importados.

4. Desenvolva urticária ao ouvir falar em "América Latina", "Mercosul", "Evo Morales", "Hugo Chavez". "América Latina" é coisa do tempo de "poncho e conga", lembra? Sonhe com a Alca, acordos unilaterais com os Estados Unidos, e outras coisas assim elevadas. Quem sabe alguns bairros de S. Paulo e mais algumas ruas selecionadas no país poderiam ser admitidos na União Européia?

5. África, então, dá irisipela. Nem pensar. Governo Lula? Cruzes! Tome Engov.

6. Ache o fim do mundo as sacolas dos sacoleiros que vão ao Paraguai. Bom mesmo é saco de supermercado de Miami.

7. Só freqüente restaurante que não sirva caipirinha de pinga. Caipirinha, só caipiroska, mesmo que a vodka seja de oitava categoria.

8. Considere que "corrupção" é coisa de e para pobre. Se for nordestino e tiver a pele escura, melhor ainda. Tem até pesquisa acadêmica corroborando isso...

9. Suspire nostalgicamente pelo tempo em que empregada doméstica só podia pegar o elevador de serviço.

10. Não leia a Carta Maior. Nem o Correio da Cidadania. Nem a Revista do Brasil. Ou a Carta Capital. Ou o Brasil de Fato. Ou qualquer coisa semelhante. Se ler, é para desancar, chamar de chapa branca pra baixo. Imprensa, só a grande. Mesmo que esteja cada vez mais marrom.
E boa sorte. Inclua-nos fora disso, e aproxime-se pra lá.Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.

Postado por Oni Presente