quinta-feira, 27 de março de 2008

Uma revolução silenciosa

Não me ocorre definição melhor para o que está acontecendo no Brasil. Uma boa notícia nos jornais de hoje deixa explícitos os resultados de um conjunto de medidas acertadas, adotadas em cinco anos de governo Lula, rumo ao desenvolvimento econômico sólido de nosso país. Estudo recente encomendado por uma instituição financeira internacional, em parceria com o Instituto Ipsos, mostra que o número de brasileiros pertencentes à classe C cresceu em 20 milhões de pessoas. Assim, a classe C já representa hoje 46% da nação, nada menos que 86 milhões de brasileiros com renda média mensal de R$ 1.062.

O mais expressivo que vejo nisso é que esse salto, óbvio, ocorre das classe E e D para a C, uma ascensão social sem precedentes, em termos numéricos, na vida da nação brasileira. Esses bons frutos, como a própria pesquisa constatou, estão atrelados ao aumento do emprego, do crédito na praça, de menores preços para bens duráveis e, lógico, de programas sociais como o Bolsa Família que deixam milhares fora da linha da extrema pobreza.

Portanto, meus caros, vamos afastar de vez os pessimistas que falam em limitação do crédito, em refrear o consumo, aumentar os juros, cortar gastos sociais (que são investimentos) e têm pesadelo com a inflação. Essa mudança é apenas o começo. Temos um potencial econômico enorme e o cenário atual se mantém promissor mesmo diante da crise nos EUA. O próprio estudo aponta que “o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”, uma revolução silenciosa, mas representativa na busca por uma melhor distribuição de renda.

E, por medida de Justiça, vamos dar razão ao presidente Lula em uma de suas mais famosas frases, satirizada pela mídia: "nunca antes, na história deste país......" que eu completo destacando, houve um processo de inclusão social com a absorção de tantos milhões de pessoas.

fonte: http://www.zedirceu.com.br/

sexta-feira, 21 de março de 2008

Esquerda e direita

O Dom Quixote do sertão


Artigo de ARIANO SUASSUNA, escritor paraibano, autor de "O Auto da Compadecida"

Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.

Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.

Como conseqüência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.

Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande "assembléia geral" da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.

De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos "Atos dos Apóstolos", com o de Euclydes da Cunha em "Os Sertões". Escreve o primeiro: "Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade". Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: "A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia" (isto é, para a comunidade).

Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.

Publicado na Folha de São Paulo

O que é ser de Esquerda?



Por vezes nos supreendemos com definições que se encaixam perfeitamente naquilo que pensamos e falamos, e o texto abaixo é um deles.

“O que é ser de esquerda? (...) hoje em dia, a mais aceita nos meios de intelectuais e acadêmicos é de que ‘esquerdistas’ são os partidários da melhoria das condições de vida da maioria da população, enquanto ‘direitistas’ são os partidários da conservação dos privilégios das elites tradicionais. No entanto, acredito que ser de ‘esquerda’ vai muinto além disso. Vai muito além de uma definição acadêmica que pode ser difinida numa roda de intelectuais. Para mim, ser de ‘esquerda’ é amor. Amor ao próximo, ao distante, ao que nunca viu. Vai muito além de usar a camiseta do Che Guevara, escutar Geraldo Vandré, deixar a barba crescer. Ser de ‘esquerda’ é um estado de espírito. È a inquietude, o sino que toca nos corações dos mais velhos aos mais jovens clamando por uma melhoria nas condições de vida dos oprimidos. Mas principalmente ser de ‘esquerda’ significa vontade. É dar tudo de si em cada tarefa que executa para o bem do próximo, é se dedicar de corpo e alma à libertação do spovos, é sempre se perguntar se está fazendo o suficiente. È entender que a nossa história precisa de heróis e sem pestanejar habilitar-se para o cargo. È entender que sua vida não tem sentido outro senão o de fazer desta Terra a pátria do homem...

Por Thiago Ávila, publicado na Revista Caros Amigos, ano XI, número 121, Abril de 2007.

domingo, 16 de março de 2008

Viagem de formatura

por Rosely Sayão

Alguns internautas solicitaram abordar o tema das viagens de formatura. Apesar de, como observou uma leitora, eu já ter escrito sobre o assunto, vamos analisar sob outra perspectiva hoje.

Ante de tudo quero fazer um alerta aos pais e escolas: algumas – eu realmente não sei se algumas ou muitas – agências de turismo, que coordenam e organizam essas viagens, têm agido de modo nada adequado com os adolescentes. Algumas procuram saber quem são os alunos representantes ou líderes de sala e os aliciam – tanto no sentido de seduzir quanto no de oferecer suborno - para que façam o trabalho de convencer os colegas a querer o passeio.

Os recursos que elas oferecem são, pelo menos os que chegaram ao meu conhecimento: dar brindes de todos os tipos, oferecer a viagem de graça para quem consegue convencer certa quantidade de colegas a se inscreverem para a viagem, dar presentes e mordomias chamadas VIPs etc. Quando não dão esse passo, os agentes esperam os alunos na saída da aula e chegam com um discurso pra lá de persuasivo e sedutor. Vamos falar a verdade: fica bem difícil confiar filhos a agências que agem dessa maneira com os jovens, não é verdade?

Outra coisa: os monitores são muito jovens. Quase tão jovens quanto os próprios estudantes. Segundo um funcionário de uma das agências, isso é muito bom porque eles têm energia suficiente para acompanhar a moçada que adora virar a noite acordada. Com monitores tão novos os estudantes ficam bem à vontade e quase sem contenção alguma para seus impulsos e tentações.

Agora, vamos pensar na viagem em si como comemoração do fim de um ciclo. Festejar a finalização de uma etapa nos estudos é bem interessante, quase um rito de passagem: despedida de pessoas que conviveram por vários anos, confraternização com professores, comemoração com a família que tanto colaborou nesse trajeto etc. Mas a viagem não promove nada disso: é uma festa apenas para os colegas. Que, por sinal, vão para a viagem a fim de farrear. E só.

Sabemos que os ritos de passagem são cerimônias que ajudam no crescimento e amadurecimento de jovens que vencem etapas na vida porque apontam o que está por vir e facilitam a transição. As viagens, do modo como têm sido programadas, parece que colaboram para que os estudantes só vejam o que acabou e queiram se esbaldar nisso. Está mais para despedida de solteiro, que faz o homem desfrutar sem medida tudo o que está a renunciar, não é mesmo?

Creio que essas viagens só fazem sucesso porque nossa sociedade simplesmente aboliu os ritos de passagem tão úteis aos mais novos. Talvez seja este um bom momento para repensarmos nosso papel nessa questão.

Escrito por Rosely Sayão
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/